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Guia prático para ”bombar” os salários

14 de dezembro de 2012
O cenário econômico para os vereadores e boa parte dos prefeitos pernambucanos não será de aperreio a partir de 2013. É que, na virada do ano, os salários deles serão reajustados para patamares muito maiores do que o da inflação do período. Enquanto o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), medido pelo IBGE, bateu a casa dos 22,8% entre 1º de janeiro de 2009 e 30 de novembro de 2012, os reajustes deles chegaram a 100% – um sonho para o trabalhador comum. 
 
E o pior é que nada disso é ilegal. A legislação brasileira estabelece que os reajustes dos vereadores e prefeitos sejam fixados a cada quatro anos, sendo aprovados em uma legislatura para vigorar na outra. A União dos Vereadores de Pernambuco (UVP) elaborou até uma espécie de manual, para que a categoria não desrespeite a lei na hora de estabelecer os patamares para os subsídios. O documento, aparentemente, tem inspirado os legisladores a escolherem o teto. O “guia” lembra, por exemplo, que o teto salarial para os vereadores é R$ 15.031,76. Exatamente o valor adotado pelo Recife. 
 
O tema reajuste, devido à polêmica, não foi bem “digerido” por alguns vereadores da capital. Alguns até falaram em revisão, no início deste ano, após a aprovação do reajuste, feito na surdina, mas silenciaram. A matéria foi apreciada no fim do ano passado, com o estabelecimento de uma elevação de quase 62% nos vencimentos, que hoje são de R$ 9.287,57. Na época, o presidente da Câmara do Recife, Jurandir Liberal (PT), disse que a aprovação antecipada foi para evitar polêmica durante as eleições. 
 
Na próxima legislatura, não vai faltar vereador e prefeito de cidades pequenas ganhando mais que o governador Eduardo Campos (PSB), que congelou o próprio salário em R$ 9,6 mil, patamar preservado desde a posse, em 2007. Em Sanharó, por exemplo, cidade assolada pelos efeitos da seca, os legisladores, segundo projeto aprovado na Câmara, vão receber mensalmente R$ 12 mil, para uma jornada nada puxada de trabalho na Câmara. O prefeito eleito Fernando Edier (PCdoB), graças aos vereadores, vai embolsar um salário de R$ 16 mil quando assumir o mandato. 
 
Nada, porém, como o prefeito de Caruaru, José Queiroz (PDT), que terá salário de R$ 25 mil a partir de janeiro, a menos que decida vetar o reajuste aprovado pela Câmara de Vereadores. Hoje ele recebe R$ 16 mil. O reajuste é de 56%. Os legisladores também foram muito generosos com os próprios salários, que serão elevados de R$ 9 mil para R$ 12 mil. Em Petrolina, os vereadores elevaram os salários em 100%, passando de R$ 6 mil para R$ 12 mil. E nem adiantou o veto do prefeito Júlio Lóssio (PMDB). Ele foi derrubado pelo Legislativo.
 

Para a UVP, não está havendo reajuste

Os reajustes dos salários dos vereadores e, em alguns casos, dos prefeitos, não foram dados de forma pacífica em alguns municípios pernambucanos. Recentemente, o prefeito de Jaboatão dos Guararapes, Elias Gomes (PSDB), vetou o aumento dado pelos vereadores sobre os próprios salários. A polêmica foi semelhante à vivida pelo prefeito de Petrolina, Júlio Lóssio (PMDB). Nos dois casos, os vereadores derrubaram a decisão do Executivo. 
 
O presidente da União dos Vereadores de Pernambuco, Biu Farias (PSB, Surubim), saiu em defesa da categoria. Para justificar a elevação dos valores, lembrou que os aumentos só acontecem a cada quatro anos e isso causa estranheza na população porque vem tudo de uma vez. “Só vamos ter novo reajuste daqui a quatro anos. Os nossos salários não vão crescendo ano a ano como os de todo mundo. Mas ele precisa ser reajustado”, reforçou, minimizando o fato de o acumulado dos reajustes superarem em muito a inflação. 
  
“Duas coisas são fundamentais na democracia. O jornalista, com a liberdade de imprensa, e o político, no exercício de sua função. Acho injusto que quando os nossos salários são reajustados, isso gere tanta polêmica”, ressaltou Biu Farias. O argumento para justificar a elevação dos salários é o de que ele não implicará em maior despesa para a população. “Até por que as câmaras vivem do duodécimo recebido e ele é fixo e dependente da arrecadação do município”, acrescentou. Justificativa parecida foi apresentada pelo presidente da Câmara do Recife, Jurandir Liberal, após a polêmica sobre o reajuste na capital. Segundo ele, o custo da Casa continuará na casa dos 4,5% da Receita Corrente Líquida da prefeitura. 

Fonte: Diario de Pernambuco

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