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Governo não garante salário bom

22 de julho de 2007

As diferenças salariais dentro do serviço público federal podem ser gritantes e conseguir a tão sonhada vaga de emprego no governo nem sempre é garantia de boa remuneração. Somente dentro do Executivo federal, entre os trabalhadores de nível superior, a discrepância no valor do salário chega a 1.024%. De um lado, estão os delegados da Polícia Federal, que chegam ao final da carreira recebendo R$ 15.391,48. Na outra ponta, estão os professores com graduação de 1º e 2º graus com 20 horas de dedicação, mas um salário de apenas R$ 1.369,10.

Se for considerar o salário pago no início da carreira, a diferença chega a 693%. Novamente, a elite do serviço público federal do Poder Executivo é o delegado da Polícia Federal, recebendo R$ 10.862,14. E os professores com gradução de 1º e 2º graus com 20 horas de dedicação continuam sendo os piores remunerados, mantendo a renda de R$ 1.3619,10 do início ao final da carreira.

O tratamento diferenciado é criticado pelas entidades de funcionários públicos, sobretudo por aquelas que representam categorias com as menores remunerações. O pleito solicitado é fortalecer o serviço público e corrigir essas chamadas “distorções salariais” com a implementação de um plano de cargos, carreiras e vencimentos.

“O governo não tem proposta para o serviço público. É preciso instituir as diretrizes gerais de planos de carreiras, com correções. Não há política de recursos humanos, mas propostas salariais”, critica José Carlos Oliveira, coordenador-geral do Sindicato dos Servidores Públicos Federais de Pernambuco (Sindsep).

CATEGORIAS

Oliveira ressalta que algumas categorias, como as de fiscalização e as que mexem com a arrecadação (de tributos), são as mais valorizadas, enquanto que os funcionários administrativos recebem valores muito baixos. Na avaliação de Epaminondas Menezes, médico da Anvisa, o governo paga melhor as categorias com maior poder de pressão. “Como saúde não gera dinheiro, o governo não se preocupa. E o médico nem pode fazer greve porque é serviço essencial”.

Epaminondas Menezes ressalta, porém, que os novos concursados para as agências de regulação, como a Anvisa, estão recebendo melhor do que os profissionais que já estavam no serviço público. Para esses, os médicos da Anvisa com 40 horas ganham R$ 3.400. Aqueles de 20 horas têm uma renda de R$ 1.627,15 no início da carreira e estão no terceiro lugar do ranking dos mais mal pagos (considerando os professores como um grupo).

“O que percebemos hoje é que há mais de 150 tabelas salariais no Executivo. Há muitas de um mesmo cargo e carreira. O que reforça a necessidade de se discutir um plano de carreiras que sane essas discrepâncias”, considera Max Leno, assessor da Confederação dos Trabalhadores no Serviço Público Federal (Condsef). Para Leno, outra distorção salarial que existe dentro do serviço público é a existência de gratificações com valor maior do que o vencimento-base do funcionário.

PEQUENA RECUPERAÇÃO

Marcelo Pires, presidente do Sindicato dos Policiais Federais de Pernambuco (Sinpef/PE), ressalta que a categoria teve pequena recuperação das perdas salariais acumuladas durante o governo de Fernando Henrique Cardoso. Quando questionado sobre o fato de ser elite no serviço público, Pires citou outras carreiras que são bem pagas. “A Polícia Federal é considerada elite, mas há também a Receita Federal”.

O sindicalista disse também que existem problemas dentro da própria estrutura da PF. Pires reforça a necessidade de se implementar a lei orgânica do setor. “O delegado entra por meio de concurso público, tem conhecimento jurídico, mas não conta com a vivência policial e ingressa no cargo de comando. Isso é um paradoxo. No Exército não há isso. Não existe concurso para general. O oficial entra, no mínimo, como tenente para se tornar um general”.

Para quem está interessado em entrar para o serviço público, as diferenças salariais podem pesar nas escolhas. Segundo Carmem Tenório, sócia da ATF Cursos, o número de pessoas procurando se preparar para áreas melhor remuneradas é muito maior do que aqueles estudando para cargos mais mal pagos. “Temos três turmas de delegados da Polícia Federal. Mas também há concurso para essa área quase todo ano”.

Fonte: Jornal do Commercio

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