O secretário da Receita, Jorge Rachid, disse, ontem, no Senado, que a carga tributária só será reduzida com a diminuição dos gastos do governo. Ele conseguiu reinventar a roda e, ao mesmo tempo, expôs para todos o saco de maldades oficiais. Segundo ele, a melhor forma de financiar o estado é através da arrecadação de impostos, e nisto ele está coberto de razão. A maldade começa quando este mesmo estado gasta mal o que arrecada, que é o caso brasileiro. Neste ponto, ele transfere a culpa para o contribuinte. No lugar de mostrar ao governo como cortar gastos desnecessários, estimular os setores produtivos e combater o desperdício, ele joga unicamente para o contribuinte a responsabilidade de financiar e azeitar a máquina estatal. Ele defende a continuidade da CPMF, prevista para acabar em dezembro, como o meio mais eficaz para alcançar a economia informal. A arrecadação da CPMF em 2007 deve ficar entre R$ 25 bilhões e R$ 30 bilhões, dependendo da estimativa. O valor se aproxima do estimado pela Fiesp em perdas relativas à corrupção, por exemplo. Mas como a Operação Navalha mostrou, certas trilhas não podem ir no rumo dos poderosos. É mais fácil fazer a maldade em cima das vozes roucas dos contribuintes.

Fonte: Folha de Pernambuco