RIO, SÃO PAULO e RECIFE – Após uma nova proposta de reajuste salarial entregue de última hora pelos representantes das empresas aéreas, os aeronautas e aeroviários decidiram suspender a paralisação das atividades nos aeroportos brasileiros. A nova proposta do Sindicato Nacional das Empresas Aeroviárias (Snea) foi de aumento entre 3% e 6,5% para os aeroviários e de 6% para pilotos e comissários.

 

Os trabalhadores, no entanto, seguem em estado de greve, o que não descarta a possibilidade de interrupção das atividades nas próximas semanas, já que a nova proposta foi rejeitada pelas categorias representadas pela Federação Nacional dos Trabalhadores em Aviação Civil (Fentac) – aeronautas (que inclui pilotos e comissários) e aeroviários (trabalhadores de terra). Os aeronautas iniciaram as negociações exigindo aumento de 11%, mas baixaram para 8,5%.

 

Os trabalhadores devem agendar novas assembleias e também rodadas de negociação com os representantes das empresas, que já conseguiram liminar no Tribunal Superior do Trabalho (TST) proibindo a greve. A expectativa agora é que o Sindicato Nacional dos Aeronautas (SNA) se reúna na tarde de hoje para decidir o direcionamento da campanha salarial. “Tínhamos suspendido a greve porque vimos que as empresas estavam dispostas a negociar quando elevaram a proposta de reajuste para 6%. Nós rejeitamos o aumento, mas suspendemos a greve”, afirmou o presidente do SNA, Gelson Fochesato.

 

Antes, a proposta apresentada pelas empresas era de 6% apenas para quem ganhava até R$ 852,10 (o equivalente à inflação medida pelo INPC acumulado em 12 meses) e 1,5% para os salários acima de R$ 5 mil. Por conta dessa oferta, os trabalhadores haviam ameaçado interromper as atividades, mas mudaram de ideia após assembleia em Congonhas (SP) na tarde de ontem, com a nova proposta do Snea.

 

De acordo com o presidente do Sindicato dos Aeroviários de Pernambuco, Luiz Pedro Lucena, as categorias decidiram suspender qualquer paralisação nos próximos dias depois que o Snea propôs o reajuste, mas isso não significa um acordo entre os sindicatos dos trabalhadores e o patronal. “Vamos aguardar a decisão da federação para saber que direcionamento iremos tomar”, aponta Luiz Pedro.

Na tarde de ontem, os trabalhadores realizaram manifestações nos aeroportos do País. Em São Paulo, houve uma manifestação de cerca de 80 trabalhadores no Aeroporto de Congonhas. No Aeroporto do Recife, houve uma mobilização que chamou a atenção para a situação dos aposentados e pensionistas do Aerus, fundo de pensão formado por antigos trabalhadores da Varig e da Transbrasil que lutam para que a União garanta a integralização dos benefícios.