Falta pouco mais de um mês para a primeira parcela do 13º salário cair na conta da maioria dos brasileiros. Mas tem gente que não aguenta mais a espera. Pior: já torrou a grana da restituição do Imposto de Renda. E agora, o que fazer? A solução – ou não – pode ser antecipar o dinheiro do 13º junto aos bancos. Dependendo da instituição onde se tem conta, é possível conseguir um empréstimo equivalente a 100% do valor. Mas será que vale a pena apelar para a antecipação?

 

Os bancos vão sempre dizer que sim. Já os economistas e analistas financeiros afirmam que depende do que a pessoa vai fazer com o dinheiro. E se o salário extra não vai fazer falta depois. “Antecipar para consumir supérfluo, nem pensar. A pessoa tem que botar na cabeça que todo empréstimo é antecipação de salário. E neste caso é mesmo”, destaca o analista financeiro Roberto Ferreira, professor da Faculdade Boa Viagem.

 

Para Ferreira, a antecipação do 13º só deve ser solicitada em caso de emergência. Doença, por exemplo. O economista Alexandre Jatobá diz que o resgate antecipado do salário extra pode valer se for para pagar uma dívida mais cara, como a do cartão de crédito ou do cheque especial. Mas é preciso pesquisar. Como houve redução geral nas taxas de juros, não foram só as do crédito do 13º que baixaram em relação às praticadas em 2011. As outras também.

 

Pode ser mais vantajoso fazer um crédito consignado ou um empréstimo pessoal (dependendo do banco dá para encontrar juros abaixo de 2%). Alexandre Jatobá aponta outra ocasião em que a antecipação do 13º pode ser considerada. “Se a pessoa vai fazer alguma compra específica e existir desconto pagando à vista superior a 5%, o empréstimo é vantajoso. Mas se for para comprar supérfluo, melhor deixar para depois da virada do ano, quando geralmente tem saldão.”

 

Para conseguir antecipar o 13º, não custa lembrar, é preciso receber o salário pelo banco. No caso da Caixa Econômica (www.caixa.gov.br), o vínculo do empregado deve ter pelo menos um ano. O banco antecipa até R$ 20 mil. O Santander antecipa até 100% do total. No Bradesco, chega a 80%. Banco do Brasil e Itaú limitam o valor a R$ 5 mil. Mas não importa o banco, a quitação do empréstimo é feita quando o 13º real cair na conta do correntista.

 

Os bancos esperam até 20 de dezembro, já que esta é a data-limite para que as empresas depositem o dinheiro. Roberto Ferreira afirma ainda que, além dos juros, a pessoa terá de pagar o Imposto sobre operações financeiras (IOF) na contratação do empréstimo. E não poderá contar mais com o 13º para ajudar a pagar o IPTU, o IPVA, as despesas escolares e outros gastos tradicionais de todo início de ano. Parece que os contras vencem os prós.