Recife é a primeira capital brasileira a dispor da tecnologia 4G. A cidade foi escolhida pela Claro para iniciar, ontem, a comercialização dos serviços de quarta geração nas subsedes da Copa das Confederações, juntamente com Campos do Jordão (SP), Paraty e Búzios (RJ), onde já realizava testes desde junho. As demais subsedes (Belo Horizonte, Brasília, Fortaleza, Rio de Janeiro e Salvador) devem ser atendidas até abril de 2013 de abril, conforme determinou o governo federal.

 

De acordo com o presidente da Claro, Carlos Zenteno, a operadora vai investir R$ 6,3 bilhões no país até 2014 para implementar sua rede 4G. Nesta primeira etapa, que compreende o atendimento das subsedes da Copa das Confederações até abril de 2013, estão sendo aplicados R$ 510 milhões. “O Recife e o país estavam esperando por isso, pela internet móvel mais rápida do mundo”, disse o executivo em um evento no JCPM Trade Center. 

 

Zenteno afirmou que o Recife foi escolhido por estar crescendo acima da média do país e por possuir um polo tecnológico e de inovação. “São mais de cinco mil profissionais e mais de 300 empresas de tecnologia da informação. O 4G da Claro vai permitir que todo esse entorno de desenvolvimento tecnológico possa ser acelerado”, justificou, acrescentando que a existência de uma legislação municipal flexível facilitou a implantação das antenas.

 

A cobertura 4G da Claro conta atualmente com 49 antenas no Recife, atingindo 80% da cidade, devendo chegar a 57 em fevereiro do próximo ano. Inicialmente, a capacidade da rede é de apenas 5 Mhz mais 5 Mhz e só atingirá a faixa completa de 20 Mhz mais 20 Mhz quando o espectro for totalmente liberado. Hoje, a maior parte desse espectro é utilizada por operadoras de TV por assinatura com tecnologia MMDS (microondas), como a NET, que pertence ao mesmo grupo da Claro.

 

Ainda que o espectro esteja limitado, foram realizados testes durante o evento onde a velocidade da conexão chegou a 22,9 Mbps para download e a 2,6 Mpbs para upload. Foram feitas quatro videoconferências simultâneas e exibidos quatro vídeos em HD ao mesmo tempo, sem perda de qualidade e com carregamento imediato, sem espera. O 4G, no entanto, promete velocidades de até 100 Mbps. 

 

“Esse cenário é irreversível. Números mostram que nos próximos três anos a demanda por dados vai crescer oito vezes no mundo e 12 vezes no Brasil. Precisa serviços de qualidade porque a população quer e porque vamos ter a Copa das Confederações, a Copa do Mundo e a Olimpíada. A Claro estar se adiantando é uma coisa muito boa”, comentou o ministro das Comunicações, Paulo Bernardo.

 

Os planos 4G da Claro, chamado de 4G Max, chegam neste primeiro momento com os mesmos preços do 3G. O único aparelho compatível com a nova tecnologia à venda é o Motorola RAZR HD, que sai por R$ 649 no plano Ilimitado 200 4G. A mensalidade custa R$ 229,70. Na próxima semana deverá estar disponível também o Samsung galaxy SIII 4G, por R$ 999 no mesmo plano. Em média, os aparelhos 4G são cerca de 15% mais caros do que os 3G.

 

Já o modem é o Huawei E392, que poderá ser adquirido por R$ 329 no plano Internet 5 GB, com mensalidade de R$ 119,90. “São os mesmos preços (dos planos) 3G Max. Não estamos cobrando nada a mais pela nova tecnologia. Entendemos que a migração será rápida pelas vantagens do serviço. O uso dos modems vai ser praticamente imediato”, comentou o presidente da Claro, Carlos Zenteno.

 

O ministro Paulo Bernardo mencionou durante o evento que o governo federal está trabalhando para agilizar a implantação das antenas 4G. Um projeto de lei que disciplina a instalação desses equipamentos foi aprovado ontem na Comissão de Ciência e Tecnologia do Senado e deve seguir para a de Meio Ambiente.

 

“Essa legislação padrão poderá ser utilizada pelos municípios sem legislação própria, pois ela padroniza as exigências em relação a localização das antenas, distâncias em relação a equipamentos como escolas e hospitais e fixa prazos para que o poder público conceda a licença. No Recife esse problema não existe, mas em Porto Alegre, por exemplo, é muito difícil”, explicou o ministro.

 

A Claro pertence ao grupo América Móvil, o terceiro maior do mundo no setor de telecomunicações presente em 18 países da América Latina e em 11 países da Europa.  Em 2001, faturou US$ 46,6 bilhões, sendo R$ 31 bilhões no Brasil, incluindo, além da Claro, as empresas Embratel e NET. Ao todo são 63 milhões de assinantes móveis, sete milhões de TV e 10 milhões de telefonia fixa.