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Pix: Receita via chance de mapear valores não informados ao Fisco com norma suspensa, mostram documentos

14 de fevereiro de 2025

Os documentos preparatórios da norma sobre monitoramento das movimentações financeiras, incluindo o Pix, revogada pelo governo em janeiro, mostram que a Receita Federal pretendia mapear casos de sonegação fiscal de pessoas físicas.

Em minuta obtida pelo GLOBO pela Lei de Acesso à Informação (LAI), a Receita detalha que os dados obtidos com a atualização da norma seriam usados para “mapeamento de possíveis omissões de valores informados à administração tributária”.

“Ressalta-se que esses dados são fundamentais para seu cotejamento com a renda das pessoas físicas declarada na Declaração de Ajuste Anual e com a receita bruta das pessoas jurídicas declarada na Escrituração Contábil Fiscal ou no âmbito do Simples Nacional, possibilitando o mapeamento de possíveis omissões de valores informados à administração tributária”, diz o documento redigido em setembro de 2024.

Com a nova norma, a Receita passaria a receber dados de transações das operadoras de cartão de crédito (carteiras digitais) e das fintechs para movimentações acumuladas acima de R$ 5 mil por mês para pessoas físicas a partir de 1º de janeiro.

A instrução normativa, no entanto, foi revogada após a repercussão negativa e uma onda de notícias falsas, como a de que haveria cobrança de imposto nas transações.

Na época, o secretário da Receita Federal, Robinson Barreirinhas afirmou que as novas regras de fiscalização não tinham como objetivo a autuação de pequenos empresários do país.

“Se a pessoa não tem uma empresa aberta, ela pode abrir um MEI, alguma coisa assim. Mas não tem nem sentido a Receita Federal ir para a fiscalização repressiva nesses casos”, disse em entrevista ao g1.

Procurado, o Ministério da Fazenda afirmou que “Receita Federal sempre recebeu essas informações exatamente para alimentar sua gestão de risco e identificar inconsistências no recolhimento de tributo” (veja a íntegra no final do texto).

“É a partir dessas inconsistências que a Receita identifica grupos criminosos que movimentam e lavam dinheiro, por exemplo”, completa a nota enviada

No documento preparatório, a Receita detalha que a não fiscalização das movimentações financeiras em contas de pagamento pré-pagas, por exemplo, pode resultar em omissões fiscais e declarações de rendas incompatíveis com os gastos.

“Ilustrativamente, há atualmente milhões de contas de pagamento pré-pagas, as quais não possuem limites de movimentação, permitindo que valores expressivos circulem à margem do conhecimento da administração tributária, com possível ocorrência de movimentações financeiras incompatíveis com a renda da pessoa física ou a receita bruta da pessoa jurídica autodeclaradas”.

Entenda a norma
A polêmica em torno da medida surgiu devido a um temor disseminado na população de que a fiscalização da Receita alcance mais pessoas e empresas, principalmente aquelas que atuam como autônomos e informais. A Receita nega que o objetivo seja pegar os pequenos.

O órgão passou a exigir das chamadas fintechs algo que já era cobrado dos bancos tradicionais: notificar movimentações globais a partir de um determinado valor. Depois, a norma foi revogada.

Fonte: O Globo

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