O primeiro Renegade montado no Polo Automotivo Jeep, em Goiana, saiu da linha de produção com apenas três dias de atraso em relação ao cronograma original. Resultado do empenho do setor produtivo, diante de cronogramas nem sempre cumpridos a contento pelo Poder Público. Além do atraso da obra do Arco Metropolitano, que compromete a logística do empreendimento, outros compromissos estão pendentes, sobretudo do governo de Pernambuco.

A gestão estadual tem o mérito de ter participado decisivamente na captação da montadora e de criar condições para a implantação, como a doação do terreno e a oferta de um pacote de obras de infraestrutura. Mas a fábrica inaugurou ontem com uma lista de projetos atrasados, alguns que deveriam estar prontos pelo menos junto com a planta.

Nessa lista está a construção de uma linha de transmissão de 230 kV e subestações de energia elétrica. A empresa ou consórcio responsável pela obra já deveria ser conhecida, mas as proponentes ofereceram preço acima do valor máximo estipulado. Dessa forma o processo foi invalidado, porque a modalidade da licitação é por menor preço.

Enquanto a obra não sai, o Polo Jeep é atendido por linha de transmissão de 69 kV da Celpe. "A linha de 230 kV nos forneceria uma energia mais barata, mas precisamos contar com o que está disponível no momento", diz o vice-presidente de Manufatura da FCA, Stefan Ketter.

O governo do Estado também se comprometeu com vias de acesso à Jeep no valor de R$ 158,8 milhões e com a iluminação do setor viário orçada em R$ 18,5 milhões. De acordo com a Secretaria de Desenvolvimento Econômico de Pernambuco (Sdec), 90% estão concluídas e são capazes de suportar a operação do Polo. São 21,6 quilômetros de vias, incluindo um anel viário em pista dupla e circundando toda a área da fábrica da Jeep, permitindo ligações à BR-101.

Com a demora na resolução do imbróglio do Arco Metropolitano, o governo do Estado também se comprometeu a oferecer uma solução viária temporária. "O governo trabalha caminhos alternativos. São várias rodovias estaduais que estão sendo recuperadas que vão permitir alternativas à BR-101. Acho que esse conjunto de obras alternativas ao Arco a gente tem condições de afirmar que até o inicio do inverno de 2016 vai se ter uma certa alternativa à BR-232 e à BR-408", diz o titular da pasta da Sdec, Thiago Norões.

CENTRO DE P&D

No seu momento de discurso do palco, ao estilo entrevista a Glória Maria, o governador Paulo Câmara destacou as muitas reuniões com o grupo FCA e o esforço do governo para viabilizar seus compromissos. "Estamos orgulhosos do povo pernambucano que se dedicou e se capacitou para estar aqui. Mas não podemos parar aqui. Queremos que os pernambucanos também participem da inteligência do carro, da pesquisa", disse, fazendo referência ao Centro de Pesquisa, Desenvolvimento, Inovação e Engenharia, que vai funcionar na antiga Fábrica Tacaruna, no Recife, desativada há 20 anos. O centro vai abrigar 500 profissionais, sobretudo técnicos e engenheiros.

Para doar o imóvel, o governo do Estado precisa encaminhar e aprovar um projeto de lei na Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe). A previsão era encaminhar o projeto ainda no ano passado, mas até agora ainda não seguiu. Segundo a Sdec, "o projeto de lei está em fase final de elaboração, focado em uma etapa técnica importante de detalhamento do memorial descritivo da área e do imóvel". Por outro lado, ofereceu locais temporários no Bairro do Recife e em Jaboatão dos Guararapes.

Enquanto aguarda a resolução das pendências, a FCA comemora a implantação de uma fábrica flexível e com capacidade de ampliação. "Conseguimos fazer de um projeto ordinário algo extraordinário", diz o CEO da FCA, Sergio Marchionne.

Fonte: Jornal do Commercio