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Para esquecer os nomes do regime militar

25 de janeiro de 2013
Tramita na Câmara do Recife o projeto de lei nº127/2012 que pretende alterar os nomes de todas as ruas, avenidas, viadutos, parques, praças e prédios públicos da cidade que façam referência às autoridades que lideraram o regime militar no Brasil. A autoria é da vereadora licenciada Marília Arraes (PSB), secretária municipal de Juventude e Qualificação Profissional e, neta do ex-governador Miguel Arraes, que foi preso e exilado na época do golpe militar. 
 
Na justificativa do projeto, a socialista defende que trata-se de uma medida de respeito às vítimas e suas famílias do governo ditatorial, que, segundo ela, são submetidas a viver em uma cidade que traz, nas ruas, o nome dos seus antigos algozes. Em entrevista ao Diario, Marília explica que a intenção é fazer justiça. “Não entendo porque homenagear e eternizar na memória da cidade nomes de pessoas que contribuíram negativamente para o Brasil”, disse.
 
De acordo com o projeto, esses nomes serão analisados pela Comissão Estadual da Memória e Verdade Dom Helder Câmara. E, em se tornando lei, a alteração virá acompanhada da placa explicativa: “Esta rua teve seu nome alterado em respeito a todos aqueles que lutaram contra a repressão e porque a população do Recife não admite homenagens ao governo golpista e ditatorial de 1964. Viva a democracia e a liberdade!”. Para o secretário-geral da Comissão da Verdade, Henrique Mariano, o projeto é louvável e já será pauta da reunião do grupo na próxima terça-feira.
 
A iniciativa, porém, não é consenso entre pessoas que são contrárias às práticas realizadas naquele período. Para o doutor em História do Brasil e professor da Universidade Federal de Pernambuco Severino Vicente da Silva, o projeto é um erro. “Essa é uma visão pequena, paroquial e imediatista. As ruas contam a história de um povo e ela é feita de contradições. Não dá para apagar o que aconteceu porque não concordo. É bom que permaneçam e as pessoas julguem quem foram”, criticou. 
 
O historiador lembrou que, em sua maioria, as ruas do Recife exaltam o regime monarquista, com nomes de imperadores e imperatrizes, no entanto, a população escolheu derrubar aquele regime. Ele também questionou a lógica da vereadora citando o Museu do Louvre, na França, que não foi derrubado porque quem construiu foi o absolutista Luís XIV. “Também não concordaria se a Ditadura voltasse e quisessem mudar o nome da Avenida Norte Miguel Arraes ou de outros que fizeram a história da nossa cidade.”
 
Saiba mais
 
História dos homenageados
 
Castello Branco 
(1964 – 1967) No dia 11 de abril o congresso elegeu, em nome da “democracia”, o chefe do Estado-maior do Exército, marechal cearense Humberto de Alencar Castello Branco.
 
Costa e Silva 
(1967 – 1969) Foi no governo do gaúcho Arthur da Costa e Silva que a ditadura se consolidou. Com o discurso de combate ao terrorismo, o regime militar criou o Ato Institucional número 5.
 
Governo Médici  
(1969 – 1974) Foi no governo de Emílio Garrastazu Médici que os anos de chumbo revelaram a sua pior face. A pretexto de conter os “terroristas”, ele ampliou a ação do repressão.

Fonte: Diario de Pernambuco

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