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Nordeste tem 3º maior PIB do país, mas região concentra estados com a menor riqueza per capita

16 de março de 2023

O Produto Interno Bruto (PIB, soma de todas as riquezas produzidas) do Nordeste é o terceiro maior do Brasil, ficando atrás do Sudeste e do Sul. Ainda assim, sua participação é bem inferior em relação às duas regiões e todos os estados nordestinos figuram entre os dez menores níveis de PIB per capita do país. Segundo economistas, há um descompasso entre a riqueza que o Nordeste gera e o tamanho da população. E faltam políticas públicas que busquem ampliar o nível de qualidade de vida.

Estas observações partem dos dados levantados pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV IBRE). O instituto irá lançar ainda neste primeiro semestre um Centro de Estudos para o Desenvolvimento, com sede em Fortaleza. O objetivo é auxiliar pesquisadores, formuladores de políticas públicas e analistas econômicos na compreensão dos desafios regionais e na promoção do desenvolvimento da região.

Diante disso, o FGV IBRE elaborou uma análise da economia nordestina ao longo de duas décadas, entre 2002 e 2022. O estudo foi feito com base em dados do IBGE e do Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBCR), além de estimativas do FGV IBRE para a variação do PIB real em 2021 e 2022.

Crescimento maior que o do Sudeste
A pesquisa mostra que a economia nordestina cresceu 2,2% ao ano entre 2002 e 2020 – praticamente em linha com a média do PIB brasileiro, que avançou 2%. O desempenho da região Nordeste foi superior a das regiões Sul e Sudeste, que cresceram 1,7% ao ano cada e abaixo do desempenho das regiões Norte e Centro Oeste, que cresceram 3,2% ao ano cada.

A região ganhou participação no PIB brasileiro ao longo das décadas, embora este movimento tenha entrado em leve declínio nos últimos anos. Em 2017, o Nordeste chegou a representar 14,5% do PIB brasileiro. Na média, de 2002 a 2020, representou 13,6%. O PIB nordestino é o terceiro maior do Brasil, ficando atrás do Sudeste e do Sul. Mas seu espaço na composição da riqueza brasileira ainda está bem aquém do ideal, segundo economistas.

Isso porque a região nordestina “parece presa a uma armadilha” quando se trata da sua participação no PIB brasileiro, avalia Flávio Ataliba, pesquisador associado do FGV IBRE e secretário adjunto de planejamento e orçamento no governo do Ceará:

— A participação do Nordeste flutua entre 13% a 16% no PIB brasileiro. Nos últimos 70 anos de estatísticas, não evoluímos acima de 17% da riqueza nacional. Não conseguimos atingir 27% (de participação no PIB), que é o tamanho da população nordestina. (…) O crescimento do Nordeste ainda é bastante lento para que possamos avançar numa tendência mais acelerada que a média do país. Precisamos ter um salto de produtividade — destaca.

Menor nível de PIB per capita do país
A despeito do crescimento do PIB na região, o PIB per capita apresenta o menor nível do país. Todos os estados nordestinos figuraram entre os dez menores níveis de PIB per capita do Brasil. O Acre foi o único estado fora da região a estar entre os dez menores PIB per capita.

“Esse quadro mostra que é importante que medidas focalizadas de políticas públicas sejam adotadas para a região com objetivo de melhorar o nível de qualidade de vida da região”, disseram Juliana Trece e Claudio Considera, membros da equipe técnica responsável pela pesquisa.

Segundo o estudo, o PIB da região Nordeste cresceu 3,4% em 2022 puxado pelo setor de serviços, crescimento ligeiramente maior do que o crescimento de 2,9% observado no país como um todo. A distribuição das atividades do setor de serviços, porém, é mais concentrada na administração pública. Quase um terço (24,8%) do total do valor adicionado da região, na média entre 2002 e 2020, veio da participação da atividade de ”administração, defesa, educação e saúde públicas e seguridade social”.

Fonte: O Globo

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