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No apagar da luzes, é hora do Novo Recife
28 de novembro de 2012As águas tranquilas onde o prefeito do Recife, João da Costa, está mergulhado desde o início da transição estão sendo reviradas nesta semana. O motivo é a reunião extraordinária do Conselho de Desenvolvimento Urbano (CDU) convocada para a próxima sexta-feira para decidir se o projeto do Novo Recife, no Cais José Estelita, deve ser aprovado ainda neste ano. A um mês de concluir o mandato, João da Costa enfrenta mais uma rodada de pressões da sociedade civil que discorda da construção de 13 torres naquela área.
O projeto tem gerado tantas críticas nas redes sociais, especialmente de professores, sociólogos e arquitetos, que o prefeito eleito, Geraldo Julio (PSB), disse, ontem, por meio da assessoria, que não iria se pronunciar sobre o assunto até a posse, em janeiro.
Fontes da academia, da área cultural e da política acreditam que o “Novo Recife” tem apoio do futuro prefeito, já que ele está conseguindo protelar a votação das matérias que possam causar impacto financeiro no seu governo. Se Geraldo Julio quisesse adiar a reunião da CDU, frisam os interlocutores, teria conversado com João da Costa sobre o assunto, com quem tem livre trânsito.
Os opositores ao projeto ressaltam que o pepino deve cair nas mãos do futuro gestor se as obras forem aprovadas pelo CDU e posteriormente embargadas. A promotora de Defesa do Meio Ambiente, Belize Câmara, disse ontem que ainda estava analisando os documentos do empreendimento, que têm cinco volumes. Mas já deu a entender, em março passado, na única audiência pública realizada sobre o tema, que o projeto contém vícios. Naquela ocasião, o MPPE recomendou a suspensão da derrubada dos galpões da área do Cabanga para evitar danos irreversíveis ao patrimônio.
Para o grupo de Direitos Urbanos, formado no Facebook com a participação de 7.292 membros, o projeto do Novo Recife não pode ser aprovado a toque de caixa, no fim da gestão de João da Costa. Eles defendem que o CDU vete a proposta para discutir outra com mais transparência e ouvindo a sociedade. Integrante do grupo, Leonardo Cisneiros, professor da UFRPE, disse que o projeto não trouxe, até agora, uma análise dos impactos sobre uma área classificada como Setor de Sustentabilidade Ambiental. Assegura, ainda, não existir estudo de impacto da vizinhança como prevê o Estatuto das Cidades e o Plano Diretor.
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Vantagens, segundo a Prefeitura do Recife
A área prevista para construção do Novo Recife tem 10,1 hectares, 6,5 para o empreendimento privado e 3,6 destinados ao espaço público. No local, 30% serão de áreas verdes e há possibilidade de se construir 13 espigões. O terreno está fora dos limites de zona de proteção previstas por lei.
O projeto irá valorizar uma área subutilizada, além de valorizar o patrimônio histórico. Isso porque, segundo a PCR, o viaduto que obstrui a visão do Forte das Cinco Pontas será demolido. No local, ainda haverá criação de espaços culturais dos galpões já existentes, construção de uma marina e fontes luminosas na Bacia do Pina.
Desvantagens, segundo o Fórum Direitos Urbanos
O empreendimento no Cais Estelita terá 13 prédios com altura que varia entre 20 e 40 andares e pode criar ilhas de calor e ilhas econômicas. A verticalização isola a área dos bairros próximos como São José, Coelhos e Cabanga. É vista como tão invasiva quanto as torres gêmeas, no bairro de São José, e destoa da arquitetura
do Recife.
Há temor em danos ao patrimônio histórico, porque na área existem antigos galpões de açúcar e a segunda linha de trem mais antiga do Brasil. Uma das preocupações é que o adensamento de veículos e pessoas seja triplicado, mas sem a mesma estrutura viária.
Fonte: Prefeitura do Recife e Fórum de Direitos Urbanos
Fonte: Diario de Pernambuco
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