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Greve dos fazendários já é a maior da história
23 de fevereiro de 2006A atual greve dos fazendários já é a maior da história dos auditores fiscais, com 22 dias de paralisação. O movimento supera o embate ocorrido em 1995 com o então secretário Pedro Eugênio, que acabou derrubado do cargo pelo movimento. Contudo, ao contrário das outras vezes, o movimento ainda não despertou maior reação nem do governo nem da sociedade.
Decretada desde o dia dois de fevereiro, o Sindifisco está em greve por aumento salarial de até 81% – equiparando os salários com os dos membros do Ministério Público, outra carreira exclusiva do Estado – e uma reformulação do plano de cargos e carreiras. A proposta do governo é conceder um reajuste salarial linear para todos os funcionários, que será anunciado em março, e formar uma comissão paritária para discutir o plano de cargos.
“O atual impasse está difícil. A greve está chocha, morna. Parece até que é Carnaval e o governo está só deixando o bloco passar”, criticou o ex-presidente do Sindifisco José Cândido de Miranda. Foi ele quem liderou o movimento contra o então secretário da Fazenda do governo Arraes, Pedro Eugênio, atual diretor do Banco do Nordeste (BNB).
“Pedro Eugênio foi para lá com vontade de quebrar a categoria. Foi uma queda de braço. No final, ele estava sem condições de continuar no cargo, era considerado persona non grata dentro da Fazenda”, diz Miranda. O resultado foi que a categoria conseguiu um reajuste de 60% a 90% e tirou o secretário do poder, que foi substituído por Eduardo Campos, neto do governador. Estava assim consolidada a fama do Sindifisco, que ao entrar em rota de colisão com o chefe do Fisco poderia inviabilizar a sua permanência. Antes de Pedro Eugênio, foi assim com Flávio Lira, secretário da Fazenda do primeiro governo Arraes após a volta do exílio.
“Com Flávio o problema era questão salarial e condições de trabalho”, lembra Miranda. Para Pedro Eugênio, a fase como secretário da Fazenda foi das mais duras profissionalmente, só superada pelo período como secretário da agricultura em plena seca, ainda sem experiência administrativa. “Ali eu tive até úlcera”, recorda. Para ele, o que fez com que sua permanência na Fazenda ficasse inviável foi o próprio governo. “Não caí por causa do Sindifisco. Mas porque não consegui apoio do governo para levar uma proposta adiante. Até a base dos deputados ficou contra. E, logo que eu sai, fizeram justamente o que eu havia negociado, uma gratificação por produtividade”, diz.
Também enfrentaram embate outros secretários, como Tânia Bacelar, Luiz Otávio Cavalcanti, Jorge Jatobá e Mozart Siqueira. Nas batalhas, os fazendários ganharam reajustes salariais, equiparação numa mesma carreira de servidores (unificando os que entraram em cargos de nível médio e os que entraram como nível superior) e obtenção da Gratificação de Atividade Fazendária (GRAF).
Das outras vezes, os auditores parados atrapalhavam toda a economia, atrasando a liberação de mercadorias e a reposição de estoques. “Dessa vez não tivemos nenhuma reclamação de empresários por causa da paralisação dos auditores da Fazenda”, diz o presidente da Federação das Indústrias de Pernambuco (Fiepe), Jorge Côrte Real.
Fonte: Jornal do Commercio
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