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Brasil, entre a Opep e o etanol

2 de dezembro de 2007

 

A descoberta do megacampo de Tupi, com reservas que podem chegar a 8 bilhões de barris de petróleo, apresentou uma nova realidade ao Brasil: o ingresso no mundo dos petrodólares. No entanto, ainda falta responder a uma pergunta básica: quando será viável explorar a bacia situada em águas mais profundas que o comum para a Petrobras. Apesar do alto custo da exploração, mais cedo ou mais tarde o preço do petróleo – que chegou a US$ 100 por barril recentemente e fechou a última semana em US$ 90 – vai justificar o empreendimento. Resta saber quando.

A descoberta, ainda cheia de incógnitas, vem justamente num momento em que o mundo discute a redução da dependência dos derivados de petróleo e se lança na busca de alternativas. Nesse contexto, o Brasil assumiu papel de destaque por um motivo bem diferente que a descoberta do megacampo, a aposta brasileira no álcool, que passou a ser a experiência a ser batida em termos de produção, eficiência energética e custo de produção. Em relação ao volume de produção, já fomos desbancados pelo álcool de milho dos Estados Unidos, mas nosso preço ainda é imbatível. Contudo, antes de assumir a liderança desse mercado, como vem pregando o presidente Lula pelos quatro cantos do mundo, há uma série de ajustes a se fazer no mercado interno.

Segundo a FGV, antes de 2010, o consumo de álcool combustível no País vai superar o de gasolina. Isso já aconteceu na era do Pró-Álcool, quando a comercialização do combustível verde representava 55% das vendas nos postos. Hoje, no entanto, o caminho parece ser bem mais longo. Segundo dados do Sindicato dos Distribuidores de Combustíveis (Sindicom), oficialmente o álcool representa apenas 22% das vendas dos postos, apesar de os carros capazes de rodar com álcool ou gasolina, os chamados flexfuel, representarem 85% das vendas de carros novos. Para 30% dos prioprietários desses veículos, que residem longe dos centros produtores, o álcool não é um bom negócio por causa do seu alto custo. Mesmo assim, a conta ainda não bate, indicando um nível elevado de sonegação, adulteração e venda clandestina. As grandes oscilações de preços ao sabor das safras e entressafras são outro fato inibidor do crescimento do consumo do produto. Além disso, apenas São Paulo dá um tratamento tributário diferenciado ao combustível verde, o que o torna ainda mais atrativo naquele Estado.

No final das contas, o confronto entre o que o País quer e o que ele tem deixa no ar alguns questionamentos. Como um país que não dá um tratamento de combustível ao álcool, falhando na regulamentação e fiscalização do produto, pode exigir que ele seja tratado como uma commodity no mundo? Como um país que não dá um tratamento tributário diferenciado ao produto, pode reclamar das taxas impostas por outras nações?

Fonte: Jornal do Commercio

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