BRASÍLIA – A Confederação Nacional dos Transportes (CNT) divulgou ontem os impactos do reajuste de 5% no preço do óleo diesel vendido pelas refinarias, alta anunciada na última quarta-feira pela Petrobras. O presidente da CNT, Clésio Andrade, avalia que a subida no preço do combustível nas refinarias vai aumentar em 1,25% o preço do frete e terá impacto na inflação. A estimativa é que o diesel suba 3% nas bombas, de acordo com o Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE). O novo preço nas refinarias já está em vigor desde ontem.
 

O aumento tem efeito nos custos do transporte de cargas, de passageiros e na agricultura – o diesel é um dos principais insumos do setor. Além disso, há ainda termelétricas que utilizam o combustível e que precisam continuar em funcionamento por causa do baixo volume de chuvas que afeta a geração de energia hidráulica no País.

 

Segundo Clésio Andrade, o Brasil possui a maior parte de suas cargas transportadas por caminhões, que consomem óleo diesel. "É sempre uma pressão inflacionária, já que 60% do transporte de carga no País é sobre rodovias", afirmou.

 

O presidente da CNT se reuniu ontem com o ministro da Fazenda, Guido Mantega. Também participaram do encontro representantes da indústria, agropecuária, serviços, comércio e bancos.

 

Ao chegar à reunião, o ministro da Fazenda foi questionado se o governo compensaria o aumento do diesel com redução de tributos.

 

"Não vai haver compensação", respondeu Guido Mantega, resumindo a posição do governo.

 

Na reunião, entre outros pontos, o presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Robson Braga de Andrade, pediu que o ministro resolva o problema da cumulatividade do PIS e da Cofins e, de quebra, também solicitou que os setores de transportes e de saúde sejam incluídos nas medidas de desoneração da folha de salários.

 

A Petrobras anunciou o novo aumento no preço do diesel como forma de aliviar as perdas com importação de combustíveis. Há pouco mais de um mês o valor do combustível já havia sido reajustado em 5,4%. Na ocasião, a gasolina ficou 6,6% mais cara nas refinarias.

 

O lucro da Petrobras caiu 36% em 2012, o pior resultado desde 2004 e que teve como reflexo a defasagem de preços dos combustíveis no mercado interno em relação ao internacional.

 

Segundo comunicado da Petrobras, o reajuste do diesel foi definido levando em consideração a política da companhia, que "busca alinhar o preço dos derivados aos valores do mercado internacional em uma perspectiva de médio e longo prazo."