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Tumulto, prisões e feridos

18 de junho de 2014

Ativistas que estavam acampados no terreno do Cais José Estelita, no bairro de São José, área central do Recife, foram retirados ontem de manhã pela Polícia Militar, que cumpriu mandado de reintegração de posse expedido pelo Tribunal de Justiça em 29 de maio, uma semana depois de iniciada a ocupação. Na operação, a PM usou bombas de efeito moral, balas de borracha e spray de pimenta. Pelo menos cinco pessoas ficaram feridas. Três homens e uma mulher foram presos e liberados no final da manhã. O grupo é contrário ao atual projeto Novo Recife, que prevê a construção de 12 torres empresariais e habitacionais no terreno.

A desocupação começou por volta das 5h15, quando os acampados (havia cerca de 50 pessoas) foram acordados por policiais do Batalhão de Choque e da Cavalaria da PM. "Disseram que tínhamos cinco minutos para desocupar o terreno. Tentamos negociar, pedimos que esperassem a chegada dos advogados do grupo ou do Ministério Público, mas a polícia não concordou", comentou Chico Ludermir, um dos acampados.

João Augusto Dias, outro ativista, relatou que, diante da negativa da PM em esperar a vinda de advogados, o grupo deu as mãos e sentou no chão. "Não adiantou. Os PMs começaram a jogar bombas e vir para cima da gente. Fomos para a linha do trem, pois lá é área federal e acreditávamos que a polícia não poderia agir ali, mas não foi o que aconteceu", afirmou João Augusto. Um dos feridos, que não quis se identificar, teve um braço, uma perna e o tórax machucados por estilhaços. "A polícia chegou atirando bombas em cima da gente. Não tínhamos nem como reagir."

Três advogados do Centro Popular de Direitos Humanos, que representam o Movimento Ocupe Estelita, e uma do grupo Direitos Urbanos, tentaram entrar no local durante a reintegração, mas foram impedidos. "Eu fui vítima do cassetete de um dos policiais. A reintegração poderia ter acontecido sem violência e de forma voluntária. Mas não houve interesse em negociar. Infelizmente, o poder econômico está passando por cima dos direitos humanos e sociais", ressaltou a advogada Liane Cirne Lins, do Direitos Urbanos.

O capitão Júlio Aragão, da Polícia Militar, afirmou que "houve o uso de força necessária para garantir a reintegração de posse. Não teve excesso". Segundo ele, a PM só entrou no terreno às 6h17, após tentar negociar sem sucesso, durante uma hora, a saída dos manifestantes . O capitão não quis informar o efetivo escalado para a operação, mas os ativistas estimam entre 150 e 200 policiais.

MANIFESTAÇÃO

Por volta das 8h30, com os manifestantes já do lado de fora do terreno, dois caminhões cedidos pelo Consórcio Novo Recife recolheram os pertences do grupo e os colocaram ao lado do Viaduto Capitão Temudo. Durante toda a manhã, o Batalhão de Choque ficou enfileirado na Avenida José Estelita para garantir que os acessos ao terreno fossem fechados com tapumes – fato questionado à tarde por policiais federais, pois o embargo da obra impede qualquer benfeitoria.

O clima de tensão arrefeceu e esquentou em vários momentos, ao longo da tarde. Em um deles, manifestantes tentaram impedir a entrada de um caminhão, jogando objetos na direção do portão. O Batalhão de Choque lançou spray de pimenta contra os ativistas, dispersando-os. Um rapaz chegou a desmaiar e, enquanto era socorrido por outros, o Choque continuou a agir, desta vez com bombas de efeito moral e balas de borracha. Outro grupo de PMs efetuou disparos do alto do viaduto. Por duas vezes, pela manhã e à tarde, o trânsito foi interrompido no Cais. Por volta das 16h30, ativistas bloquearam o trânsito na Cabanga e no Viaduto Capitão Temudo, interropendo o tráfego por uma hora. Novamente, foram dispersados pela Polícia Militar e outros cinco manifestantes teriam ficado feridos.

Fonte: Jornal do Commercio

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