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Todos os homens do governador eleito

30 de outubro de 2006

 

Com a vitória de Eduardo Campos (PSB), uma parte do pequeno núcleo de assessores que o acompanhou durante a campanha será recrutada ainda esta semana para fazer parte da equipe de transição. Já estão confirmados o vereador e coordenador da campanha, Danilo Cabral (PSB), e o presidente em exercício do PSB, Izael Nóbrega. “A única coisa que nós lamentamos é Dr. Arraes não estar mais aqui para compartilhar essa festa conosco. Mas onde quer que ele se encontre está feliz e de peito lavado com essa estupenda vitória de Eduardo”, disse o ex-deputado Ranilson Ramos, coordenador da campanha no São Francisco.

Quando se encontrava na pior fase de sua vida pública, qual seja, a que se seguiu à vitória de Jarbas para o governo estadual em 1998, em que passou a ser visto como “leproso”, Eduardo Campos disse aos seus amigos que havia aprendido com o avô Miguel Arraes que o político deve ser um “ser paciente”. “E paciência eu tenho de sobra”, filosofou.

Viu o PSB perder para Jarbas vários deputados estaduais que haviam sido eleitos com o seu apoio, como Fernando Lupa, Pedro Eurico e Antonio Moraes, e o partido ser praticamente dizimado no interior devido às adesões em massa para o bloco político do governador. “Com aquela paciência que Deus lhe deu”, disse o ex-ministro Fernando Lyra, ele aguardou durante oito anos pela absolvição no STF da acusação dos seus adversários de que havia cometido uma ilicitude quando da emissão dos títulos públicos para o pagamento de precatórios. E se tornou, logo em seguida, líder da bancada do PSB na Câmara Federal, ministro da Ciência e Tecnologia do governo Lula e presidente nacional do PSB em substituição a Arraes.

DE CORPO E ALMA – Como ministro, Eduardo jogou duro para retomar o governo estadual das mãos dos jarbistas. Esteve em cerca de 80 municípios do interior, ou para celebrar convênios com prefeituras, ou para inaugurar obras construídas com recursos liberados pela sua pasta. “É importante ressaltar que nenhum prefeito foi discriminado por conta de alinhamento político ou cor partidária. Eu era quem tratava desse assunto no Ministério e posso assegurar que atendemos a prefeitos do PFL, PMDB, PTB, e PSDB, sem nenhum tipo de discriminação”, garantiu Ranilson Ramos. Quando, no final de 2005, Eduardo Campos, finalmente, tomou a decisão de se candidatar, teve que enfrentar inúmeros obstáculos na tentativa de ampliar o palanque. À época, havia três pré-candidatos no campo da oposição: ele próprio, Armando Monteiro (PTB) e Humberto Costa (PT). Inocêncio Oliveira (PL) e Sérgio Guerra (PSDB) também eram candidatos, mas pela aliança governista.

Com o passar do tempo, Armando afastou-se do páreo para apoiar Humberto e Inocêncio ficou indeciso entre o ex-ministro da Saúde e o PSB, já que não queria Mendonça Filho (PFL). Entretanto, pressionado por suas bases interioranos, ele se abraçou com Eduardo, tirando o pré-candidato do PSB do isolamento. Esse apoio injetou ânimo nas bases políticas do PSB, mas ainda era insuficiente para garantir ao partido uma vitória majoritária sobre o grupo político de Jarbas Vasconcelos.

Foi a partir desse momento que o deputado Eduardo Campos resolveu fazer mais duas investidas. Procurou inicialmente o deputado Sílvio Costa (PMN), em casa, propondo-lhe participarem de um “projeto político de poder”, mas o parlamentar não topou a parada. “Faço parte do grupo político de Armando (Monteiro) e o candidato que ele apoiar será também o meu candidato”, respondeu. Estava perdida a batalha política pela conquista do PMN, que Eduardo considerava importante para o seu projeto devido à oposição dura e eficaz que Sílvio Costa fez na Assembléia Legislativa ao governo de Jarbas. Entretanto, restavam ainda o PCdoB e o PDT como opções possíveis para a ampliação do palanque. O PCdoB, pragmaticamente, optou por Humberto em razão de estar coligado com o PT nas duas principais cidades da área metropolitana: Recife e Olinda. E o PDT integrava a “frente trabalhista” com o PTB e o PMN.

Quando Armando afastou-se do páreo para apoiar Humberto, o presidente regional do partido, José Queiroz, considerou-se “liberado” para seguir o seu caminho. E, em nome da “unidade de Caruaru”, declarou o apoio ao candidato do PSB. A costura que culminou com esse anúncio passou por um penoso processo de negociação envolvendo a candidatura do deputado federal Jorge Gomes (PSB) à vaga do Senado e a do ex-deputado Wolney Queiroz (PDT) à Câmara Federal.

Fechado o acordo, Eduardo Campos comemorou a incorporação do PDT ao seu palanque com a conseqüente indicação do ex-prefeito de Caruaru, João Lyra Neto, para ser seu vice, repetindo a mesma tática utilizada por Arraes em 1994 quando convidou o caruaruense Jorge Gomes. O candidato a senador de sua chapa, Jorge Gomes, não era o dos seus sonhos. Ele queria Ariano Suassuna, que foi um dos responsáveis pelo engajamento da juventude universitária recifense na sua campanha. Todavia, pressionado pelos seus familiares o autor de o “Auto da Compadecida” declinou. Ficou apenas como primeiro suplente.

TROCA DE FARPAS – Fechada a chapa, o desafio de Eduardo era chegar ao segundo turno junto com Mendonça, o que implicava, automaticamente, tirar Humberto Costa da jogada. Por causa disso, houve vários atritos entre ele o ex-ministro da Saúde, até que o presidente Lula veio ao Recife para participar de um comício em Brasília Teimosa e exigiu que ambos tocassem suas campanhas civilizadamente. Argumentou o presidente que um iria precisar do outro no segundo turno. Com a “desconstrução” da imagem de Humberto, comandada pelo marketing da campanha de Mendonça, o ex-ministro da Saúde despencou nas pesquisas, abrindo caminho para Eduardo Campos chegar ao segundo turno. Reiniciada a campanha, o candidato do PSB recebeu a adesão de Humberto, do prefeito João Paulo, do grupo político de Armando e do candidato do Prona Clóvis Corrêa. Isso consolidou o seu favoritismo e o levou à vitória.

Fernando Lyra

Ex-deputado federal, ex-ministro da Justiça e atual presidente da Fundação Joaquim Nabuco. Atuou nos bastidores, ajudando a construir o discurso da campanha, e defendeu Eduardo da acusação de ter “quebrado o Estado”. É um dos conselheiros políticos do governador eleito.

Ariano Suassuna

Participou entusiasticamente de todos os eventos da campanha, principalmente os de rua. Foi responsável pela transformação da música de Capiba “Madeira que cupim não rói” no hino informal da campanha, fato que desagradou à viúva do compositor, Zezita.

Humberto Costa

Ex-deputado federal e ex-ministro da Saúde, disputou o governo pelo PT e apoiou Eduardo no segundo turno. Chegou a declarar que ficaria de “alma lavada” se o PSB vencesse. Só não será secretário se não quiser. Mas, mesmo que não queira, deve indicar alguém do seu grupo.

João Lyra Neto

Ex-prefeito de Caruaru e vice-governador eleito, atuou nos bastidores para levar o PDT para o palanque de Eduardo e para ampliar os espaços do candidato no Agreste. Além de vice, ele poderá ser secretário, a menos que não tenha interesse, dada a sua condição de empresário.

Jorge Gomes

Deputado federal e ex-vice-governador de Arraes. Para ajudar Eduardo, foi para o “sacrifício” como candidato a senador, numa campanha adversa, muito embora tenha derrotado Jarbas (PMDB), o senador eleito, em 31 cidades.

Inocêncio Oliveira

Deputado federal, presidente regional do PL e 1º secretário da Câmara. Foi um dos primeiros aliados do candidato do PSB, ajudando a desmontar o poderoso esquema político-eleitoral do interior que estava sob controle de Marco Maciel, Jarbas e Sérgio Guerra, desde 1998.

Danilo Cabral

Auditor do TCE e vereador do Recife pelo PSB, é um dos homens de confiança de Eduardo. Dividiu a coordenação da campanha com o ex-deputado José Marcos Lima (PL). É forte candidato a secretário. Uma das pastas para as quais é cogitado é a da Fazenda.

Clóvis Corrêa Filho

Juiz do trabalho aposentado e ex-vereador do Recife pelo PSB, foi o candidato do Prona ao governo estadual. No segundo turno integrou-se à campanha de Eduardo Campos, viajando na companhia dele para participar de eventos em várias cidades do interior.

José Queiroz

Deputado estadual e presidente do PDT. Manteve o compromisso com Armando Monteiro (PTB) até o momento em que este se manteve candidato. Quando Armando afastou-se para apoiar Humberto (PT), o PDT se aliou a Eduardo e reforçou a campanha.

Ranilson Ramos

Ex-deputado, voltou ao PSB em 2005 pelas mãos do próprio Arraes, após desligar-se do partido em 1999, junto com o prefeito Fernando Bezerra Coelho. Foi assessor de Eduardo no Ministério da Ciência e Tecnologia e coordenou a campanha no Sertão do São Francisco.

Izael Nóbrega

Procurador do Estado licenciado, presidente do PSB em exercício e chefe do comitê jurídico da campanha. Era homem de confiança de Arraes e deverá ser um dos assessores do primeiro escalão do governo. Junto com Adilson Gomes, é considerado “pau para toda obra” no PSB.

João Paulo

Ex-vereador, ex-deputado e atual prefeito do Recife, engajou-se na campanha de Eduardo no 2º turno, ajudando-o a crescer na capital e área metropolitana. Será importante interlocutor político de Eduardo. A exemplo de Fernando Bezerra Coelho, tem planos majoritárias para 2010.

Sílvio Costa

Deputado estadual, 1º suplente de federal e presidente do PMN, apoiou Humberto (PT) no primeiro turno e aliou-se a Eduardo no segundo. Foi o mais ácido crítico do governo Jarbas na Assembléia Legislativa, o qual era classificado por ele na tribuna da Casa como “governo virtual”.

Armando Monteiro Neto

Deputado federal, presidente do PTB e da CNI, apoiou Humberto (PT) no primeiro turno. Tem divergências históricas com o arraesismo, mas elas foram superadas no segundo turno pela necessidade de unir forças contra o PFL/PMDB/PSDB. Seu grupo terá espaço no governo.

Evaldo Costa

Jornalista, participou de forma muito ativa de todas as fases da campanha. Tem ótimo relacionamento com os órgãos de imprensa, ajudou a formular estratégias de campanha e esteve colado ao candidato desde quando ele ainda se encontrava no Ministério da Ciência e Tecnologia.

Cel. Sebastião Pereira

Até ser chamado por Arraes para ser chefe da Casa Militar do seu terceiro governo, não tinha envolvimento com política. Ficou muito ligado a Arraes. Chefiou o comitê de finanças da campanha e deve ser um dos principais assessores de Eduardo.

Fonte: Jornal do Commercio

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