Notícias da Fenafisco

“Segurança é um desafio”
3 de abril de 2006
Em sua primeira entrevista como governador de Pernambuco, cargo que assumiu na sexta-feira passada, Mendonça Filho (PFL) disse que dará prioridade à segurança pública – um dos “calos” da gestão do ex-governador Jarbas Vasconcelos (PMDB) –, com destaque para o combate ao grande número de homicídios. Ele reconheceu a necessidade de promover uma ampla articulação das políticas públicas do governo como forma de solucionar os altos índices de criminalidade no Estado, e defendeu com veemência a indicação do policial federal Rodney Miranda para o comando da Secretaria de Defesa Social. Alvo preferencial dos demais pré-candidatos ao governo estadual, Mendonça Filho garantiu que tomará todas as precauções para evitar o uso da máquina pública durante a campanha eleitoral. Disposto a manter a política de boa vizinhança com representantes de outras legendas que exerçam cargos no Executivo, o governador avisou: vai propor novas parcerias ao prefeito do Recife, João Paulo (PT). Discreto, evitou ataques e críticas aos servidores estaduais em greve e prometeu manter aberto o canal de negociação. Segundo o pefelista, o relacionamento com as bancadas federal e estadual será marcado por diálogo e cooperação. Hoje, o governador empossa seu novo secretariado e faz uma peregrinação a entidades públicas do Estado, onde cumpre uma agenda institucional. Amanhã, Mendonça Filho comanda a primeira reunião da sua equipe.
A MARCA DA GESTÃO
“É importante dizer que, mesmo antes de assumir o cargo de governador, ainda na função de vice, eu externei publicamente que não tinha nenhuma preocupação com a marca Mendonça Filho nos próximos nove meses de governo. O grande público tem informação suficiente de que a minha participação na gestão Jarbas foi integral. Fui um parceiro efetivo do governador Jarbas desde o primeiro mandato. Cumprirei esses nove meses na condição de governador de Pernambuco dando seqüência normal às principais ações do governo do Estado em todas as áreas, para que a gente possa consolidar, cada vez mais fortemente, um governo que tem transformado para melhor a cara de Pernambuco. Então, não tenho nenhuma preocupação com uma marca própria. O que eu posso dizer é que esse será um governo de continuidade e de avanço”.
SEGURANÇA
“A segurança pública é hoje uma prioridade em todo o Brasil. O governador Jarbas sempre depositou enorme energia nisso. Sei que o desafio é grande. Conseguimos reduzir alguns indicadores, em outros pontos, os avanços não foram satisfatórios. Investimos bastante em equipamentos e capacitação, mas há muito trabalho para ser feito. Recomendei ao secretário Rodney Miranda especial atenção com relação a questão dos homicídios. O próprio governador Jarbas, antes de sair, cobrou uma maior atuação do governo federal na colaboração ao combate a criminalidade. Eu citaria um ponto específico onde a União precisa atuar rapidamente: o sistema penitenciário. Em 1999, quando começou a primeira gestão Jarbas, tínhamos cerca de nove mil presos no Estado. Hoje, temos mais de 15 mil. Toda a política de aumento da capacidade de recepção do sistema penitenciário nacional é centralizada em Brasília, através de um fundo nacional. Se esse fundo não é liberado para atender às necessidades dos Estados, cria-se uma situação de limitações muito fortes na política de combate à violência”.
BUSCANDO ARTICULAÇÃO
“Eu queria situar essa questão da segurança pública em alguns pontos importantes. Iremos promover uma maior integração das políticas públicas de governo. Isso para que possamos estreitar a atuação da máquina pública envolvendo não só a área de Defesa Social, mas setores que interagem e impactam diretamente com essa questão e diminuem, ou contribuem para a diminuição da violência. Educação, saúde, geração de emprego e Justiça devem estar sintonizadas com a atuação na área de segurança. Na gestão Jarbas nós conseguimos avanços expressivos nessas áreas e isso será importante para facilitar novas perspectivas no combate à violência. Há, sim, espaço e interesse para que a gente integre cada vez mais essas políticas. Eu citaria como um bom exemplo o projeto Estação Futuro, que, sob a coordenação da Secretaria de Desenvolvimento Social, mantém vários espaços na Região Metropolitana do Recife, retirando dezenas de jovens da criminalidade. Ao mesmo tempo, vamos intensificar nosso relacionamento com prefeituras, com o governo federal, a Justiça e o Ministério Público. Há ainda a necessidade de que a gente integre mais o Executivo e o Judiciário. Um dos problemas da violência no Brasil é a impunidade. Quem comete crime tem que ser punido, e isso não está diretamente sob a responsabilidade do poder Executivo”.
RODNEY MIRANDA
“Ele é um excelente profissional. Trata-se de um homem sério, competente, que está determinado a trabalhar pela segurança pública em Pernambuco. Não há como comparar sua chegada com a do general Adalberto Bueno, que assumiu a Secretaria de Defesa Social quando o modelo estava sendo implantado, em substituição ao anterior – quando a Secretaria de Segurança Pública nada mais era do que a própria Polícia Civil de um lado, a Militar e o Corpo de Bombeiros do outro. Na ocasião, as três unidades tinham comandantes com status de secretário. Sinceramente, restringir-se ao fato de que se trata de alguém que nasceu em Brasília ou em outra cidade, e condená-lo por não ser pernambucano, é diminuir a importância de se trazer um grande profissional para contribuir com os competentes policiais que temos em Pernambuco. Esse episódio (a colocação de grampos em um jornal do Espírito Santo) foi devidamente esclarecido. Qualquer eventual resistência será vencida com o trabalho”.
RELAÇÃO COM GREVISTAS
“O governo continuará obedecendo aos princípios democráticos do diálogo. O foco principal da atuação do governo tem que ser a prestação de serviço à população. Hoje, a grande preocupação é fazer com que o aparelho de segurança pública, notadamente a Polícia Civil, normalize sua atuação. Os delegados, de forma sensata, deram uma trégua na última sexta-feira. A partir de amanhã, o secretário Maurício Romão estará à disposição dos servidores. Espero que, com diálogo se chegue a um acordo”.
GOVERNO X CAMPANHA
“Minha prioridade será governar Pernambuco. Não quero que se misture atividade de governo com eleição. Além de se tratar de uma recomendação expressa minha, vamos adotar, se necessário, medidas como o decreto que o governador Jarbas usou, em 2002, que, com muito sucesso evitou qualquer mistura entre o ambiente administrativo e o eleitoral. Para se discutir questões eleitorais, teremos os finais de tarde, os fins de semana”.
POLARIZAÇÃO NA CAMPANHA
“Não sei de que modo isso vai se traduzir, mas não tenho nenhuma preocupação com quem vai estar do outro lado, polarizando comigo. Também não me preocupo com ataques e outras manifestações eleitorais que a gente sempre acompanha pela imprensa. Talvez um ou outro candidato, ou até todos, tenham uma excessiva preocupação com o eleitoral, mas a minha preocupação é governar o Estado. Em várias ocasiões eu disse, anteriormente, que a minha posição de vice-governador exigia um comportamento ético e institucional diferente daquilo que minha nova condição exigirá de mim. Como governador, não tenho as limitações éticas e institucionais que tinha para expor certos pontos de vista. Mas ainda assim, isso se dará de forma normal. Eu não mudarei minha forma de ser. Serei autêntico, sincero e direto como sempre fui”.
CRÍTICAS AOS ANTECESSORES
“Se formos analisar do ponto de vista histórico, Pernambuco tem uma distância muito longa desde o último projeto estruturador. Todos conhecem o quadro em que o governador Jarbas recebeu o Estado: desajuste financeiro, com a auto-estima do pernambucano no chão, salários em atraso e incapacidade de atrair investimentos. Passados sete anos e três meses, podemos comemorar o resgate da credibilidade do Estado. Dessa forma, interpreto as palavras de Jarbas (que criticou todos os antecessores desde a redemocratização, em 1985) não como uma análise específica do governo A ou B”.
NA VITRINE
“Vejo isso de forma normal. Todas as etapas que eu cumpri em minha vida de homem público foram alcançadas graças ao trabalho obstinado, a compromissos éticos. Então eu vou governar Pernambuco trabalhando dentro de um compromisso ético, do qual nunca me afasto. Continuarei dialogando com todos os setores da sociedade, porque não acredito que um governo possa ter sucesso como o que foi alcançado pela gestão de Jarbas sem uma postura aberta à sociedade”.
SAÚDE
“Infelizmente, o Sistema Único de Saúde oferece à população uma situação bastante distante do que seria razoável e aceitável. Isso ocorre em hospitais públicos de São Paulo, do Rio de Janeiro, de Porto Alegre e em Pernambuco. A rede de saúde em nosso Estado é uma das maiores do País. Ainda há muito o que fazer, mas tivemos avanços importantes. Em termos de unidades de tratamento intensivo (UTIs) praticamente dobramos os números desde o início do governo. Naquela ocasião, muitos hospitais no interior estavam parados. Um exemplo é o Hospital Regional de Caruaru, que hoje funciona. Não dá para simplificar essa discussão apenas em uma entrevista. Mas eu quero reafirmar o nosso compromisso de avançar e oferecer uma saúde de melhor qualidade para a população”.
HABITAÇÃO
“A maior dificuldade na área de política habitacional é o grande volume exigido em qualquer atuação. Por isso, quem tem que comandar é o governo federal. A atuação do Estado se dará especialmente com relação a regularização fundiária”.
PRIVATIZAÇÃO DA BR-232
“Existe um estudo encomendado pela Secretaria de Infra-estrutura sobre a concessão da exploração da BR-232. No entanto, provavelmente não teremos tempo de concluí-lo até o fim deste ano”.
PARCERIAS COM ADVERSÁRIOS
“Não tenho dificuldade de receber ninguém que venha tratar assuntos que dizem respeito ao Estado. Qualquer cidadão sério e responsável, com o propósito de ajudar o desenvolvimento, encontrará aberta a porta do meu gabinete. Amanhã (hoje), ligarei para o prefeito do Recife, João Paulo, para reiterar que quero continuar as parcerias com a Prefeitura. Tenho propostas prontas para apresentar a ele. Não há ambiente eleitoral que possa significar um afastamento em termos de atuação da Prefeitura e do governo”.
RELAÇÃO COM A BANCADA
“Manterei total abertura com os deputados, mas não haverá uma periodicidade determinada para reuniões. Minha relação com os parlamentares será, assim como foi a de Jarbas, extremamente positiva. Está claro para todos que eu não sou um governador do PFL. Minha marca, meu estilo, é ser plural”.
CONSELHOS DE JARBAS
“O governador Jarbas é um grande amigo. Ouvirei a ele e tantas pessoas quanto for necessário para trocar idéias sobre o Estado. Sempre fiz política com diálogo, e é natural que busque os amigos, como Jarbas”.
ABORTO
“Minha opinião é a de que se deve conceder o direito ao aborto quando o ato sexual foi concebido com violência. A mulher violentada tem que ter a liberdade de abortar”
GOLPE DE 64
“Nasci em 1966 e comecei na política em 86. O que enxergo do período militar é só uma visão histórica. Nunca apoiei qualquer ato que signifique tolher a cidadania e reduzir os princípios democráticos. Eu sou um democrata e nada me fará fugir desses princípios. Aprendi isso na escola e em casa, onde meus pais e professores sempre respeitaram meus caminhos”.
CASAMENTO HOMOSSEXUAL
“Eu defendo a liberdade de escolha de sexo das pessoas. Muitas sofrem discriminação e o Estado deve atuar no sentido de evitar isso”.
Fonte: Jornal do Commercio
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