Notícias da Fenafisco
Renda fica livre de tributo amanhã
25 de maio de 2006
Mesmo trabalhando normalmente desde o dia 2 de janeiro deste ano, o economista Dante Freitas, 29 anos, só vai receber seu primeiro salário amanhã. Todos os seus rendimentos até hoje foram parar no bolso do governo, a título de pagamento de impostos, taxas e contribuições. Ele, como milhões de contribuintes brasileiros, tiveram que trabalhar 145 dias apenas pagar a chamada carga tributária, de acordo com um levantamento do Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário. Pior. Terão que trabalhar mais 113 dias para custear serviços privados em substituição aos que deveriam ser fornecidos pelo governo. Salário que é bom mesmo só em 26 de setembro.
“Neste ano, o cidadão de classe média só começará a trabalhar para comer, se vestir, morar, adquirir bens, gozar férias e fazer alguma poupança no dia 26 de setembro”, avalia o presidente do IBPT, Gilberto Luiz do Amaral, um dos autores do estudo Dias trabalhados para pagar tributos e a ineficiência do governo. Apesar de sentir o peso dos tributos no bolso todo o mês, Dante, como a maioria da classe média, tem plano de saúde particular, previdência privada, além de ter estudado em escola privada. Gastos estes que deveriam ser custeados pelo imposto que paga aos governos – federal, estadual e municipal. Do que ficou retido no seu contracheque no ano passado, Dante só conseguiu ser restituído em cerca de 20%. O restante deveria ser usado pelo poder público para aliviar suas contas com despesas que paga para ter a garantia de atendimento na saúde e a preparação de uma aposentadoria mais justa.
A injustiça tributária, como denomina o presidente do IBPT, vem aumentando a cada ano. Pelo levantamento do instituto, o tempo que o contribuinte trabalha hoje para arcar com a carga tributária dobrou em relação à década de 70. Naquela época, eram 76 dias. O aperto no bolso do contribuinte foi mais acentuado depois da década de 90, com 102 dias trabalhados. “Em 2003, do seu rendimento bruto, o contribuinte brasileiro teve que destinar em média 36,98% para pagar a tributação sobreos rendimentos, consumo, patrimônio e outros. Em 2004 comprometeu 37,81%. Em 2005 destinou 38,35% e em 2006 há previsão que destinará 39,72%”, contabiliza Amaral.
Comparado a outros países, o Brasil está à frente de grandes potências econômicas. Mesmo figurando no terceiro lugar no ranking do comprometimento do PIB (Produto Interno Bruto – somatório das riquezas do país) com a carga tributária, como os salários são menores, o Brasil fica à frente na lista. Na Suécia, por exemplo, o tempo de trabalho para pagar tributos é de 185 dias, seguido pela França (149 dias), Espanha (137 dias) e Estados Unidos (102 dias). O estudo também analisa o impacto dos tributos por faixas salariais, fazendo um cruzamento com o peso sobre renda, patrimônio e consumo.
Para quem ganha até R$ 3 mil por mês, a tributação maior é sobre o consumo. Já para quem está nas faixas entre R$ 3 mil a R$ 10 mil e acima de R$ 10 mil, a maior incidência é sobre a renda. Os gastos com serviços privados também foram analisados por faixas salariais. A educação está em primeiro lugar em todas, seguida pela saúde, segurança, previdência e pedágios.
“Na avaliação do perfil de gastos das famílias de classe média (rendimentos mensais entre R$ 3 mil e R$ 10 mil), na década de 70 havia o comprometimento de 7% da renda para a aquisição destes serviços, enquanto que em 2006 este índice subirá para 31%”, quantifica o presidente do IBPT. Com isso, só resta esperar para 26 de setembro para comemorar o ganho integral do salário.
Fonte: Diário de Pernambuco
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