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PF desarticula esquema de fraude em importações
17 de agosto de 2006
BRASÍLIA E RECIFE – A Polícia Federal, com o apoio da Receita Federal, desarticulou ontem o que diz ser o maior esquema já constatado de fraudes e sonegação de impostos no comércio exterior. As irregularidades tinham alcance em oito Estados brasileiros, incluindo Pernambuco, mais um braço em Miami, nos Estados Unidos. Até o fechamento desta edição, 97 acusados tinham sido presos.
Os crimes envolvem evasão de divisas e cooptação de servidores públicos e, de acordo com a PF, a sonegação em tributos federais aduaneiros chega a R$ 500 milhões. Mas o montante pode ser maior, porque no cálculo não foram incluídos o ICMS, IPI, PIS, Cofins e Imposto de Renda. Conforme cálculos da Polícia Federal, os envolvidos no esquema importaram R$ 1,1 bilhão nos últimos quatro anos, com um subfaturamento médio de 50%.
Foram expedidos, pela Justiça Federal de Paranaguá (PR) e pela Justiça Federal de Itajaí (SC), 118 mandados de prisão e outros 220 de busca e apreensão, que mobilizaram 950 policiais federais e 350 auditores da Receita em 200 localidades de oito Estados. A chamada Operação Dilúvio, deflagrada após dois anos de investigação, durou todo o dia de ontem e ainda promete desdobramentos.
De acordo com a PF, o esquema era comandado a partir de São Paulo, por um grupo comandado pelo empresário Marco Antônio Mansur, que já morou no Paraguai. “Nos últimos dez anos, o grupo registrou dezenas de empresas importadoras (tradings), além de diversas distribuidoras que intermediavam as operações de forma a ocultar e a ‘blindar’ o real importador – o cliente do grupo – e realizar uma expressiva redução fraudulenta de tributos. Os reais importadores muitas vezes tinham conhecimento e até participavam das irregularidades, principalmente declarando preços subfaturados”, diz uma nota oficial da PF.
O esquema teria ramificações com Law Kim Chong, considerado um dos maiores contrabandistas do País. Com as fraudes, foram importados aparelhos eletrônicos, material de informática e telecomunicações, frutas, embalagens plásticas, motos, carros, perfumes e equipamentos de ortopedia, entre outros.
Além de Pernambuco, também foram alvo da operação os Estados de Santa Catarina, São Paulo, Pará, Bahia, Espírito Santo, Ceará e Rio de Janeiro. No exterior, a operação contou com a colaboração do Departamento de Segurança Interna dos Estados Unidos (DHS). Uma equipe de policiais norte-americanos atuou em Miami acompanhada de brasileiros – policiais federais e um auditor da Receita Federal.
No Estado, foram cumpridos três mandados, dois de apreensão e um de prisão. O ex-diretor administrativo da Suata Serviços e Logística, Guilherme Pinheiro Júnior, 47 anos, foi preso e levado à sede da Polícia Federal, onde permanecia até a noite de ontem. Duas equipes da PF seguiram para o Porto de Suape, onde a Suata opera, e para o Curado, para um depósito de uma empresa de informática. Os policiais apreenderam documentos contábeis das empresas e mais um computador. Pinheiro Júnior pode pegar até 18 anos de prisão, se forem confirmados os crimes de formação de quadrilha, falsidade ideológica, uso de documentos falsos e contrabando. O diretor administrativo-financeiro da Suata, Doriva Medeiros, reagiu com tranqüilidade: “A empresa é idônea. É apenas uma prestadora de serviços, que guarda mercadorias, cargas, para os clientes.”
Fonte: Jornal do Commercio
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