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País a caminho da independência do petróleo

26 de março de 2006

 

Mais de meio século depois da campanha que culminou com a criação da Petrobras, em 1953, embalada pelo slogan “O petróleo é nosso”, o Brasil está prestes a alcançar a auto-suficiência na produção do ouro negro. Com a entrada em operação da plataforma P-50, na Bacia de Campos (RJ), a Petrobras espera atingir já em abril 1,9 milhão de barris/dia, acima da previsão de demanda de 1,8 milhão em 2006. As importações vão continuar, mas o país ficará menos vulnerável às pressões externas, mesmo em momentos de alta volatilidade como acontece hoje, com o barril do tipo Brent ultrapassando a casa dos US$ 60.

    A auto-suficiência também poderia significar gasolina mais barata para os consumidores – especialistas chegam a estimar uma margem de redução em torno dos 16,5%. No entanto, a Petrobras já avisou que continuará seguindo as cotações internacionais. “Não vejo como a Petrobras poderia baixar o preço dos combustíveis, já que o petróleo é uma commodity. A menos que haja ingerência política na empresa neste ano de eleições”, afirma o consultor da Datamétrica e professor do Departamento de Economia da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Carlos Magno Lopes.

  Em seu último relatório sobre petróleo e gás, a consultoria Lopes Filho & Associados destaca que o elevado crescimento da produção pela Petrobras refletirá em menor dependência do produto importado, favorecendo ainda mais o desempenho da estatal em bolsa. Para se ter uma idéia, as ações da empresa sofreram uma variação positiva de quase 3.000% entre janeiro de 1995 e março deste ano. “As ações da Petrobras continuarão uma boa oportunidade de investimento e podem se valorizar ainda mais com a auto-suficiência”, comenta o consultor da Finacap, Aristides Cavalcanti.

  O relatório da Lopes Filho recomenda a compra dos títulos da Petrobras, contudo chama “a atenção para aspectos importantes que afetam o desempenho do papel em bolsa, como a percepção de ingerência política na empresa, especialmente em relação à política de preços adotada para a gasolina e diesel”. O mercado espera que isso não aconteça. Entretanto, se o preço da gasolina não vai baixar, pelo menos não vai subir caso haja uma nova crise internacional, como aquelas a que assistimos nas décadas de 1970 e 1980.

Benefício – “O principal benefício da auto-suficiência é mesmo a segurança energética, o que nos dará mais tranqüilidade em relação às oscilações de preço no mercado internacional”, diz Carlos Magno Lopes. Ele lembra que, até a década de 1980, a chamada conta-pre

tróleo era a vilã da balança de pagamentos, sempre deficitária. “Hoje o déficit continua, mas a relação é bem menos desigual”, justifica. Em 2005, o Brasil exportou US$ 4,1 bilhões de óleo pesado e precisou importar US$ 7,6 bilhões de óleo leve, muito mais caro. Um déficit de US$ 3,5 bilhões.

  O óleo leve, menos comum no país, é necessário para compor o blend (mistura) na fabricação dos derivados. Ao ser refinado, o óleo leve proporciona maiores quantidades de produtos nobres, como gasolina, diesel e querosene de aviação, daí a necessidade de continuar importando o produto. Outro detalhe é que o petróleo brasileiro tende a ser cada vez mais pesado, já que a exploração ocorre em áreas cada vez mais profundas. Atualmente, há plataformas que arrancam petróleo a quase dois mil metros de profundidade e podem atingir três mil metros até 2007.

Fonte: Diário de Pernambuco

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