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Oposição questiona decreto da margarina
13 de dezembro de 2006O líder da oposição na Assembléia Legislativa de Pernambuco (Alepe), Isaltino Nascimento (PT), vai convocar uma audiência pública na Comissão de Desenvolvimento Econômico para que o governo e a Bunge se expliquem sobre o decreto nº 30.000, que provoca aumento no preço da margarina, beneficiando diretamente a Bunge. Na prática, a medida reajusta o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) da margarina e do creme vegetal para o consumidor, saindo do ICMS de 9,5% para 17%.
“Como é que no final do governo, contrariando a lógica dos projetos enviados que eram de desoneração, eles fazem uma medida que beneficia apenas uma empresa?”, questionou Nascimento. Para ele, o projeto traz prejuízo para a população do Estado e é um péssimo sinal. “Vamos solicitar uma audiência pública chamando o governo, a Bunge e outros setores impactados para que expliquem essa medida”, afirmou.
Normalmente, as empresas pedem como incentivo a redução de imposto para beneficiar o seu setor. Dessa vez, a Bunge pediu aumento porque ela é beneficiada por um incentivo fiscal do Programa de Desenvolvimento de Pernambuco (Prodepe). Com isso, o ICMS sobe para todas as marcas, mas ela possui um desconto de 75% no ICMS por estar dentro do Prodepe. Dessa forma, a medida prejudica diretamente a concorrência. “Há mais de quatro anos eles pediam. Isso não deixa de ser uma proteção a quem produz aqui”, justificou o secretário de Desenvolvimento Econômico de Pernambuco, Alexandre Valença.
Com menos de um mês para encerrar o mandato, o governador Mendonça Filho (PFL) decidiu editar o decreto que retira margarina e creme vegetal da lista de produtos da cesta básica, que contam com uma sistemática de tributação reduzida. Para a Bunge, a medida pode compensar tributariamente um erro estratégico da empresa, que vem perdendo mercado nas vendas de margarina. “No acompanhamento que fazemos, a Bunge perdeu muito mercado quando extinguiu a marca Bem-te-vi, que era líder. Aí entrou a Deline, da Sadia, que hoje domina 70% do mercado”, afirmou o presidente da Apes, Geraldo José da Silva. Segundo a pesquisa da instituição, a empresa está com o preço médio mais caro do segmento de margarina comum. A Primor, da Bunge, é vendida por R$ 0,99, enquanto a líder Deline custa, em média, R$ 0,96 e a Vigor, R$ 0,98. “Eles se achavam donos de marcas boas e tiraram a Bem-te-vi. E o que eles tinham não decolou”, analisa.
O presidente da Associação dos Atacadistas de Pernambuco (Aspa), Sebastião Rodrigues, reagiu ao Decreto nº 30.000. “Fim de governo não tem a mínima consideração. Isso deveria ter sido levado para a Alepe. Quem pagou o pato foi o consumidor e a parcela mais pobre”, afirmou. “Pobre, que faz bolo com margarina, vai pagar mais caro. Rico faz com manteiga e não vai se preocupar”, comparou Rodrigues.
Contactada, a Bunge disse que não iria se pronunciar. Segundo o departamento de comunicação, a questão é tratada apenas administrativamente. O vice-presidente da Bunge, Murilo Sant´Anna, esteve reunido com Mendonça Filho na semana passada.
Fonte: Jornal do Commercio
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