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Novas perspectivas (Editorial)

14 de dezembro de 2006

 

Ao afirmar que o anúncio do chamado pacote fiscal, destinado a intensificar o ritmo de crescimento da economia brasileira, deverá ocorrer não mais no final desta semana, como se previa, mas no decorrer da próxima, provavelmente “por volta do dia 20”, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, rebatendo a postura de certo ceticismo e mesmo críticas de setores do mercado financeiro, em relação a algumas medidas já confirmadas e nele compreendidas, declarou que elas “só aumentarão as certezas de que em 2007 a economia estará mais sólida e crescendo a taxas mais expressivas”.

  Na mesma oportunidade, ele negou que a demora em fechar o referido pacote se deva a desentendimentos no governo, explicando, por outro lado, que o adiamento foi necessário por força da própria complexidade das medidas em fase final de estudo. “Só a questão previdenciária – citou – já seria motivo de uma longa discussão e de um grande amadurecimento”. Ademais, em sua fala aos repórteres, sublinhou: “Vocês não querem que a gente faça algo precipitado e apresente um conjunto de medidas que terá de ser retificado”.

  Enquanto isso, beneficiada pela queda de preços no atacado, a primeira prévia do Índice Geral de Preços do Mercado (IGP-M) subiu 0,18% em dezembro, alta bem inferior à apurada em igual prévia no mês passado (0,71%). O resultado não deixou de surpreender o mercado financeiro, que esperava taxa maior, renovando, por isso mesmo, as apostas de que o indicador possa fechar o mês entre 0,30% e 0,40%. Em tal cenário, conforme se esclarece, o IGP-M de 2006 tem chances de encerrar o ano como a terceira menor taxa da história do índice, iniciado em 1989. Usado, ao que se sabe, para reajustar preços de aluguel e de energia elétrica, o IGP-M acumula elevação de 3,69% no ano, até a primeira prévia de dezembro, correspondente ao período de 21 a 30 de novembro.

  A propósito, o coordenador de Análises Econômicas da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Salomão Quadros, lembrou que a menor taxa da história do indicador é a do ano passado (1,21%), seguida pelade 1998 (1,78%), sabendo-se que, atualmente, a terceira posição é ocupada pela taxa de 1997 (7,74%). Ele observou, a propósito, que “a taxa acumulada está muito longe da segunda posição e muito longe também da terceira”, avaliando “ser bastante provável que o índice feche como o terceiro menor da história, coisa, se confirmada, muito positiva, duas taxas anuais tão baixas, de forma consecutiva”. Isto mostra também, a seu ver, que “os fundamentos da economia têm fôlego” e que o cenário macroeconômico no País é de tranqüilidade.

  Ao participar, por sua vez, de seminário promovido pela FGV, em São Paulo, o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, aproveitou a oportunidade para defender, uma vez mais, as taxas de juros praticadas pelo Banco Central, sublinhando que o papel da autoridade monetária limita-se a cumprir as metas de inflação: “Toda vez que um banco central tenta baixar artificialmente as taxas de juros, a perspectiva de inflação sobe, a atividade econômica cai e os juros sobem”. Em seu entendimento, e quando questionado se o fato de a inflação deste ano ficar abaixo do centro da meta não seria uma demonstração de que o BC apertou demais o garrote da política monetária, ele respondeu que não: “Foi indício de acerto”.

  Os índices aferidos, as projeções técnicas que se elaboram e as medidas a serem, na próxima semana, anunciadas complementam-se de alguma forma na própria medida em que refletem e se interligam ao empenho de conciliar as posições conquistadas, em termos de estabilidade monetária, com o objetivo, proclamado a esta altura, e não sem razão, com tanta ênfase, de acelerar o crescimento econômico e, desde que assegurada a preservação dos fundamentos da economia, alcançar o aumento do Produto Interno Bruto (PIB) a uma taxa compatível com as demandas sociais existentes, quanto à geração de trabalho e renda. Este o desafio que se coloca de forma inarredável diante do governo, às vésperas do início do segundo mandato presidencial e em conformidade com os compromissos reiterados durante e apósa recente campanha eleitoral.

Fonte: Diário de Pernambuco

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