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Meireles não teme impacto do petróleo

24 de abril de 2006

WASHINGTON – “O Banco Central (BC) estará atento para impedir os efeitos secundários (repasses) da alta do petróleo, mas as projeções de mercado conhecidas até agora indicam inflação dentro da meta”, disse ontem o presidente do BC, Henrique Meirelles. As projeções mencionadas por ele eram as da semana anterior e não incluem, portanto, as cotações próximas de US$ 75 para o barril de petróleo ocorridas nos últimos dias.

As projeções de inflação, observou Meirelles, não se fazem com base apenas na evolução de um preço, mesmo que importante. Quando lhe perguntaram se a Petrobras deveria ou não subsidiar os preços dos derivados para evitar o repasse da alta do petróleo, Meirelles foi cauteloso. “Não me aventuro a emitir opinião sobre o que se deve fazer com os preços dos combustíveis”, respondeu.

Dirigentes da Petrobras reagiram furiosamente, há algum tempo, quando a política de preços da empresa foi mencionada num comunicado do BC. Mas Meirelles não fugiu de uma resposta genérica. “A experiência de subsídios em vários países não tem sido bem-sucedida, porque gera distorções importantes”, disse. Em seguida, ressalvou: “Pode ser até que dê certo no Brasil.”

Meirelles participou ontem da primeira reunião de um novo comitê internacional formado para prevenção de crises. O grupo, intitulado Comitê para Princípios de Fluxos de Capitais Estáveis e Renegociação Legítima de Dívidas de Mercados Emergentes, reúne presidentes de bancos centrais, ministros de Finanças e representantes do setor financeiro privado.

“Algumas crises financeiras, como a de 1997 na Ásia, produziram desastres muito maiores do que poderiam ter sido, se houvesse mais informação e maior comunicação entre os governos e os agentes do mercado”, avalia Meirelles. Evitar tudo aquilo que possa ser evitado é o grande objetivo do comitê, nascido de uma idéia apresentada há três anos pelo presidente do Banco Central Europeu, Claude Trichet, e encampada por especialistas de governos e do sistema bancário internacional.

Meirelles é um dos três co-presidentes do comitê. Os outros dois são Trichet e um ex-presidente do Banco Central japonês, Toyoo Gyohten.

COPOM – Internamente, o mercado financeiro está de olho na divulgação de doia indicadores: o resultado fiscal primário do governo federal em março, na terça-feira, e da ata da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), que reduziu a taxa básica de juros de 16,50% para 15,75% ao ano na última quinta-feira. O resultado fiscal vai deixar claro a quantas andam as contas públicas, enquanto a ata do Copom deve dar algumas pistas sobre o clima para a próxima reunião do comitê.

Fonte: Jornal do Commercio

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