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João Lyra demonstra irritação com o “pacote” de Mendonça

24 de novembro de 2006

 

Mesmo sem querer interferir na gestão do atual governador Mendonça Filho (PFL), o futuro vice-governador João Lyra Neto (PDT) não escondeu ontem a frustração pelo pefelista ter mantido o caráter de urgência em torno de oito dos 16 projetos de lei remetidos pelo Executivo no início da semana, o que, regimentalmente, agiliza a tramitação e a votação das matérias. Ele afirmou que ainda acredita na “sensibilidade” de Mendonça Filho porque, no seu entendimento, o governador “não deveria propor nada que trouxesse qualquer tipo de prejuízo ou obstáculo” para a próxima administração.

João Lyra avalia que os projetos do pacote remetido pelo atual governo podem implicar em renúncia de receita, aumento de despesa e transferência de patrimônio público. “O governador é ele (Mendonça). A bancada de oposição vai ter que se posicionar. A decisão vai ser no voto”, ressaltou, sinalizando que a discussão das matérias no plenário da Assembléia Legislativa vai render muito bate-boca entre os oposicionistas, aliados do governador eleito Eduardo Campos (PSB), e os governistas.

Para o futuro vice-governador, um dos projetos que mais preocupa a próxima gestão é o que transfere, de dezembro para janeiro de 2007, o aporte de recursos para o pagamento da previdência dos servidores públicos, deixando um ônus de R$ 100 milhões para o ex-ministro da Ciência e Tecnologia. Apesar das ponderações feitas, pessoalmente, pelo presidente do Legislativo, Romário Dias (PFL), Mendonça Filho só se mostrou disposto a retirar o pedido de urgência de duas matérias. Uma delas reduz o ICMS nas saídas internas de tecidos com destino a estabelecimento industrial. A outra cria o Programa de Desenvolvimento da Indústria de Calçados, Bolsas, Cintos e Bolas Esportivas, instituindo incentivos fiscais até dezembro de 2018.

Coordenador da equipe de transição do socialista, Lyra Neto se sente à vontade para falar neste assunto por considerar que este tema também faz parte da transição. “Qualquer ação que tenha rebatimento não poderia ser feita. O novo governador tem uma visão administrativa diferente. No nosso entendimento, o que está sendo proposto não é essencial”, ponderou.

As equipes de Eduardo e Mendonça voltam a se encontrar na próxima terça (28), às 10h, no Palácio, para que a futura gestão possa receber o resto das informações solicitadas. No último encontro, semana passada, o secretário de Planejamento, Cláudio Marinho, coordenador do grupo governista, falou que já tinha sido remetido mais de 70% do material requisitado por Eduardo.

Fonte: Jornal do Commercio

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