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Informalidade emperra crescimento têxtil

16 de novembro de 2006

Alto grau de informalidade e mão-de-obra desqualificada. Essas são as duas maiores chagas do Pólo de Confecções do Agreste. A primeira assola tanto as pequenas fábricas quanto as lojas dos centros comerciais de Toritama, Santa Cruz do Capibaribe e Caruaru. Já a segunda configura-se como um problema cultural crônico na região. Agora que os holofotes voltaram-se novamente para a localidade, com a chegada de novos empreendimentos, a necessidade de sanar esses dois problemas mostrou-se ainda mais urgente.

Os números não mentem. Segundo estudo realizado pelo Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas de Pernambuco (Sebrae-PE), em 2003, apenas 8,1% das empresas do Pólo eram formalizadas. Em Caruaru, por exemplo, o número gira em torno de 380, que comercializam 78% de sua produção para outros estados e para lojas em outras regiões de Pernambuco. Cenário diferente do de Toritama, que possui pouco mais de duas mil empresas informais que destinam 85% de sua produção para venda na feira da cidade.

O medo da carga tributária é o principal motivo dado pelos pequenos empresários para fugir da formalização. Mas ser informal acaba saindo mais caro. Não há acesso a crédito, por exemplo, tanto que muitos fabricantes são forçados a recorrer a agiotas ou a financiamentos para pessoa física. Além disso, a informalidade acaba agregando um valor negativo aos produtos, não sendo raro serem taxados como de baixa qualidade. Por fim, o setor ainda lamenta que bons negócios com grandes lojas de departamento do país não tenham sido firmados pela simples falta de uma nota fiscal.

“Mas já conseguimos quebrar certos paradigmas. As pessoas têm prestado atenção nos empresários que deram certo. Em 1995, as queixas com a informalidade eram enormes. O pólo era uma zona franca. Mas, em compensação, foi por isso que muitas empresas conseguiram crescer. Agora tudo depende de um processo de aprendizagem”, explica o presidente do Sindicato das Indústrias do Vestuário em Pernambuco (Sindivest-PE), Fredi Maia.

Antes de formalizar-se e receber uma clientela mais gabaritada, o Pólo precisa se qualificar. A queixa é do pequeno ao grande empresário. Após absorver a mão-de-obra das cidades e distritos adjacentes, os fabricantes já não encontram com facilidade pessoas capacitadas para trabalhar com confecções, principalmente no setor de vendas. O Sebrae-PE já tem se mostrado sensível à causa, disponibilizando treinamentos e consultorias em técnicas de vendas, mas o ritmo de crescimento do Pólo e a chegada do fim do ano aumentaram a demanda e a urgência. 
Um dos empecilhos à qualificação é o pensamento de que o natural é aprender com dia-a-dia. Paulo Roberto de Souza, por exemplo, é dono de uma banca e de uma loja no Moda Center, em Santa Cruz do Capibaribe. Ele foi criado entre agulhas, linhas, tecidos e o cotidiano da feira livre, assimilando noções de gestão de comércio e fabricação. Hoje, também proprietário de uma loja de tecidos, reclama da falta de mão-de-obra na região. Ele garante que a oferta é muito grande e que ele necessita de 30 novos trabalhadores para auxiliá-lo em seus negócios, desde que estejam devidamente preparados.

Fonte: Folha de Pernambuco

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