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Greve de fiscal pode afetar abastecimento

4 de maio de 2006

A greve dos auditores fiscais da Receita Federal, iniciada anteontem, pode comprometer o abastecimento de produtos no Estado. Os efeitos da greve ainda não são sentidos por empresários, mas eles temem a intensificação e o prolongamento do movimento. Entre as atividades comprometidas, está o despacho aduaneiro no Porto de Suape, com a liberação das mercadorias importadas e exportadas.

Os fiscais deflagraram greve por tempo indeterminado, por falta de uma proposta para a campanha salarial deste ano. A categoria reivindica a incorporação imediata da tabela do Plano de Cargos e Carreiras. A tabela permitirá ganhos salariais variados. No caso dos auditores no final de carreira, o ganho seria de 50%.

Sebastião Rodrigues, presidente da Associação Pernambucana de Atacadistas e Distribuidores (Aspa), afirma que haverá desabastecimento se a greve empatar a liberação de mercadorias no Porto de Suape por 15 dias. “Se passar de 15 dias, começa a faltar produto. O nível de estoque de um atacadista hoje é baixo, até 20 dias em média”. Entre os produtos mais importados, cita Rodrigues, estão alimentos e químicos.

O presidente da Aspa também explica que os custos dos distribuidores vão crescer porque eles terão menos mercadorias para transportar de uma só vez. Com a redução da oferta de mercadorias e aumento dos custos, pode acontecer aumento de preço ao consumidor. Mas Rodrigues prefere acreditar que esse problema não vai acontecer. “Espero que não chegue a esse ponto”.

Gerson Miranda, diretor comercial da Karne e Keijo, concorda que haverá aumento dos custos para as empresas. “Hoje, a gente paga quase R$ 500 por contêiner, a cada dia”, conta. Se o produto ficar mais tempo armazenado num contêiner, mais a empresa pagará por ele.

Entre os produtos mais importados pela Karne e Keijo, estão a carne, bacalhau, peixes e batata. Como são produtos perecíveis, eles são liberados por meio de mandado de segurança, no caso de uma greve que impossibilite o despacho dos produtos. Mesmo assim, ocorre atraso.

Matheus Antunes, presidente do Porto de Suape, explicou que a greve ainda não gerou problemas, embora preocupe a todos. “O corpo gerencial desses órgãos (Receita Federal) está dando suporte”, diz.

PROCESSOS – Outros serviços prejudicados com a greve são o julgamento de processos, a fiscalização de pessoas física e jurídica, a restituição do Imposto de Renda daqueles que ficaram presos na malha fina nos anos anteriores. O atendimento no plantão fiscal também deve ser afetado. A decisão de greve foi aprovada na sexta-feira passada.

Segundo José Maria Luna, presidente da Delegacia Sindical do Recife do Sindicato Nacional dos Auditores-Fiscais da Receita-Federal (Unafisco), os auditores têm perdas salariais que chegam a 70% em algumas situações. Hoje, os fiscais das delegacias de julgamento realizam plenária nacional, no Recife, para discutir os procedimentos a serem adotados durante a greve.

Fonte: Jornal do Commercio

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