Notícias da Fenafisco
Governo gasta mais e reduz o aperto fiscal
25 de agosto de 2006
BRASÍLIA – O crescimento acentuado das despesas públicas reduziu pela metade o superávit primário (economia para o pagamento de juros da dívida) de governo federal, Estados, municípios e estatais no mês passado. Em julho, o governo economizou R$ 5,615 bilhões, um resultado muito inferior aos R$ 10,444 bilhões registrados em junho.
Apesar da piora, o governo ainda tem folga para cumprir a meta do ano. O superávit acumulado nos 12 meses terminados em julho equivale a 4,33% do Produto Interno Bruto (PIB), acima do objetivo de 4,25% do governo. No acumulado do ano, o superávit ficou em R$ 62,769 bilhões (5,39% do PIB).
A redução do superávit em julho já era esperada. Além da arrecadação mais baixa por causa do pagamento do Imposto de Renda concentrado em junho, o governo inicia o pagamento do 13º salário do funcionalismo público em julho. Combinados, esses dois efeitos sempre reduzem o superávit no início do segundo semestre.
O que chamou a atenção no mês passado, porém, é que o resultado é o pior para meses de julho desde 2003. No ano passado, por exemplo, mesmo com o efeito sazonal, o superávit registrado foi de R$ 8,796 bilhões, uma situação mais confortável que a deste ano.
“A velocidade de queda do superávit primário realmente gera desconforto, mas ainda assim a meta de 2006 deve ser cumprida. O que o governo parece estar fazendo é gastar para não fazer um superávit acima da meta”, explica a economista-chefe do banco ABN-Amro Real, Zeina Latif. O resultado das contas públicas em julho foi muito influenciado pelo desempenho das estatais federais. Em junho, as empresas do governo haviam registrado superávit de R$ 1,763 bilhão, em julho, o valor caiu para R$ 39 milhões.
A estatística foi influenciada pela venda da Companhia de Transmissão de Energia Elétrica Paulista, mas, depurando esse efeito, o resultado seria de R$ 799 milhões, também abaixo do que era esperado por analistas do mercado financeiro.
Os juros pagos pelo governo nos primeiros sete meses do ano também foram recorde. Desde 1991, quando o BC começou a série histórica, os juros nunca haviam chegado a R$ 95,096 bilhões no período entre janeiro e julho. Apesar disso, o resultado das contas públicas no mês passado foi suficiente para que o governo mantivesse estável a relação entre a dívida e o PIB em 50,3%.
De acordo com o chefe do Departamento Econômico do BC, Altamir Lopes, esse percentual deve chegar a 50,5% do PIB até o final do ano, mas recuará no ano que vem.
Fonte: Jornal do Commercio
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