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Dívida do governo cresceu 8,39%

24 de outubro de 2006

 

BRASÍLIA – A dívida do governo federal em títulos somou R$ 1,06 trilhão em setembro, contra R$ 1,039 trilhão em agosto. No ano, a dívida mobiliária do setor público cresceu 8,39%, e o prazo médio para o resgate do estoque de títulos em poder do governo sofreu ligeira queda, de 29,8 meses em agosto para 29,6 meses em setembro. Mas o perfil da dívida continua na trajetória de redução dos papéis cuja remuneração acompanha a taxa básica de juros, a Selic, hoje em 13,75% ao ano. O objetivo é alongar o prazo dos papéis e melhorar a composição dos títulos, aumentando a parcela da dívida com remuneração pré-fixada, que dá maior previsibilidade.

Em setembro, o Tesouro Nacional emitiu R$ 35,9 bilhões em títulos, dos quais 61% foram com remuneração pré-fixada, 23% em papéis pós-fixados atrelados à taxa Selic e 16% em títulos vinculados a índice de preços. Os resgates somaram R$ 25,2 bilhões, o que elevou a dívida em R$ 10,7 bilhões.

Com relação ao estoque da dívida até setembro, a parcela atrelada a juros pré-fixados aumentou de 31,49% em agosto para 32,83%. Os títulos atrelados à Selic caíram de 42,50% em agosto para 41,46% no mês passado. Os papéis com remuneração paga pela variação de índice de preços caíram de 21,56% para 21,51% de agosto para setembro e os que acompanham o câmbio foram reduzidos de 2,24% para 1,99%.

O governo tem se esforçado para reduzir não só a dívida atrelada à Selic, que pretende zerar, mas também a vinculada ao câmbio, para evitar variações nas contas públicas. Em dezembro de 1999, 22,82% dos títulos eram atrelados ao dólar. O Tesouro considera que essa é a melhor maneira de dar mais estabilidade aos gastos do governo com juros da dívida, que consomem mais de 7% do PIB por ano. No entanto, o volume da dívida vai continuar crescendo enquanto o País gastar mais do que arrecada, o chamado déficit público. É para financiar esse desequilíbrio que o governo precisa contrair empréstimos, emitindo títulos.

Na avaliação do economista Reinaldo Gonçalves, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), o governo tem reduzido a parcela da dívida que acompanha a variação cambial porque tem havido uma drástica redução na demanda por esses papéis, por causa da queda do dólar.

O governo tem reagido passivamente, oferecendo menos títulos indexados ao câmbio. Isso não é resultado de uma gestão estratégica e ativa, mas reativa. No fundo, a oferta está reagindo à demanda. Quando a situação se inverter, é provável que o governo volte a oferecer títulos atrelados ao dólar, introduzindo a volatilidade novamente na gestão”, disse. Para o economista, a gestão da dívida é ineficiente. Ele acha inútil cortar despesas e manter juros altos, o que perpetua o desequilíbrio nas contas públicas e gerou o atual endividamento.

ORÇAMENTO – Os gastos com os encargos da dívida pública mais que dobraram nos últimos 11 anos. Em porcentagem do orçamento federal, os gastos saltaram de 18,75% em 1995, no primeiro ano de FHC, para 42,45% em 2005, no terceiro ano da gestão Lula (mais 126%). O recorde foi em 2003, no primeiro ano do governo Lula, com 46,82% do orçamento (mais 150%).

Os dados fazem parte do estudo inédito Execução orçamentária do Brasil: de FHC a Lula, divulgado ontem pelo Sindicato dos Auditores Fiscais da Receita Federal de São Paulo.

Elaborado pelos auditores Silvana Mendes Campos e Marcelo Cota Guimarães, o estudo sugere que, para reduzir os encargos da dívida pública, o Brasil precisa baixar a taxa de juros e fazer uma auditoria responsável na dívida – a última foi em 1931, quando 40% da dívida foi considerada irregular.

Fonte: Jornal do Commercio

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