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Dificuldade para crescimento
29 de dezembro de 2014SÃO PAULO – O governo terá pouco espaço para estimular a economia em 2015, segundo analistas. No primeiro ano do segundo mandato da presidente Dilma Rousseff, a equipe econômica terá de lidar com uma série de desequilíbrios, que passam por problemas fiscais, inflação pressionada e baixo crescimento. Os números previstos justificam tal pessimismo com o cenário futuro. Pela projeção dos economistas consultados pelo relatório Focus, do Banco Central, o Produto Interno Bruto (PIB) deverá crescer menos de 1%, e o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) ficará próximo do teto da meta estabelecido pelo governo, de 6,5%.
A nova equipe econômica não poderá contar nem com a política fiscal nem com a monetária para estimular a economia e tentar aumentar o crescimento. "A tendência das políticas públicas vai no sentido de desestimular a economia", diz Armando Castelar, coordenador de Economia Aplicada do Instituto Brasileiro de Economia, da Fundação Getulio Vargas.
Na política fiscal, espera-se um ajuste, que pode vir com aumento de impostos ou redução de gastos. Quando foi apresentado, o futuro ministro da Fazenda, Joaquim Levy, sinalizou uma política fiscal mais conservadora. Ele prometeu superávit primário de 1,2% do PIB para 2015. "Grande parte do ajuste fiscal vai ocorrer com o aumento de tributação", afirma Juan Jensen, sócio da Tendências Consultoria Integrada. Nos cálculos da Tendências, o resultado primário do Brasil está negativo em 0,6%.
Para a promessa de fazer um superávit de 1,2% do PIB, será preciso ajuste de 1,8%.
A piora na área fiscal já fez o Brasil entrar no radar das agências de classificação de risco. Em setembro, a Moody?s manteve a nota do Brasil em Baa2, mas passou a perspectiva de estável para negativa. Em março, a Standard & Poor?s (S&P) reduziu o rating para BBB-, o menor possível entre países com grau de investimento.
O grau de investimento funciona como um selo de qualidade e mostra que o País tem capacidade de honrar suas obrigações. Caso o Brasil perca esse selo, alguns fundos que investem no País vão ter de deixar de investir por restrições legais, o que pode provocar saída de capital e, consequentemente, a desvalorização do real.
Na política monetária, a inflação pressionada pelos reajustes de preços administrados e pela alta do dólar deverá obrigar o Banco Central a elevar a taxa básica de juros (Selic) – hoje em 11,75% ao ano -, o que tende a ser mais um freio para a economia.
INTERNACIONAL
A economia brasileira também não deverá contar com um cenário externo favorável. Os preços das matérias-primas estão em queda por causa da desaceleração da China, principal importador de produtos brasileiros. "Esse cenário deve continuar, o que significa que a exportação brasileira pode retrair de valor", afirma Castelar.
Na venda de manufaturados, a situação também deve permanecer difícil pela fragilidade econômica da Argentina e Venezuela, dois grandes importadores de produtos das indústrias brasileiras. Em 2014, a balança comercial deverá ter o primeiro déficit em 14 anos. Em 2015, o Brasil até poderá ter um superávit, mas ele pode ocorrer pela redução das importações por causa da baixa na atividade econômica.
Fonte: Jornal do Commercio
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