Afastado do governo estadual em 1998 junto com Miguel Arraes (PSB), derrotado por Jarbas Vasconcelos (PMDB), o governador eleito de Pernambuco, Eduardo Henrique Accioly Campos (PSB), adquiriu, na trajetória de oposição, um refinamento político apurado. Ontem, em vez de comemorar a própria vitória – por mais de 1,2 milhão de votos, ele a dedicou a Arraes, evitou a todo custo comentar a derrota das mesmas forças que impuseram ao seu grupo um exílio de oito anos do poder e na sua primeira entrevista à imprensa, fez questão de sentar ao lado de todos os líderes dos 18 partidos que compuseram seu palanque. Com isso, distanciou-se do estilo personalista de fazer política adotado pelo avô, abriu mão do tom de revanche e confirmou o discurso moderno e conciliador que defendeu durante toda a campanha.

O futuro governador é formado em Economia pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), onde foi o aluno laureado e orador da sua turma. E foi na universidade que ele iniciou a carreira política, como presidente do diretório acadêmico do curso. Em 1986, animado com a nova candidatura de Miguel Arraes ao governo do Estado, desistiu de um mestrado nos Estados Unidos para participar da coordenação da campanha. Com a vitória, tornou-se chefe de gabinete do governador, cargo que lhe proporcionaria larga experiência e jogo de cintura político.

Ao final do governo, em 1990, Eduardo foi eleito deputado estadual junto com Arraes, que conquistou um mandato na Câmara Federal, ambos, agora, no PSB. Atuou na Assembléia Legislativa como um dos expoentes da oposição ao então governador Joaquim Francisco (PFL). Em 1992, ano do rompimento definitivo entre Arraes e o então aliado Jarbas Vasconcelos (PMDB), disputou a Prefeitura do Recife, mas amargou um distante quinto lugar, na eleição ganha por Jarbas.

Ainda assim, Eduardo credenciou-se para, em 1994, concorrer ao seu primeiro mandato de deputado federal, na mesma eleição em que Miguel Arraes retornava ao Palácio do Campo das Princesas para um terceiro mandato. Eleito, ele praticamente não atuou na Câmara. Por sua experiência como articulador, foi convocado pelo avô para o cargo de secretário de Governo, braço político do Executivo.

Pouco mais de um ano depois, Arraes o transferia para a Secretaria da Fazenda, numa passagem que ficaria marcada pela polêmica operação da venda de títulos públicos do Estado, batizada pela oposição de “escândalo dos precatórios”. O episódio deu munição aos adversários e, em 1998, Jarbas Vasconcelos venceria Arraes, que disputava a reeleição, com uma vantagem de mais de um milhão de votos. Eduardo, porém, conseguiu renovar o mandato, saindo das urnas como o deputado federal mais votado do Estado.

Durante os quatro primeiros anos do governo Jarbas, Eduardo agiu como seu principal opositor no Estado, batendo mais forte que o PT e já pensando em uma candidatura majoritária. Em 2002, porém, não antecipou o projeto, preferindo renovar o mandato parlamentar.

Ao assumir a Presidência da República, em 2003, Lula o convocou para o Ministério da Ciência e Tecnologia – vaga destinada ao PSB, aliado de primeira hora do governo petista. O cargo garantiu a Eduardo o peso político para pavimentar a candidatura ao governo do Estado, embora até o início de 2006 ele insistisse em negar os planos majoritários. Em 2005, já de olho no Palácio do Campo das Princesas, assumiu a presidência nacional do PSB, na vaga aberta com o falecimento de Arraes. Licienciou-se da função em maio deste ano para se dedicar à campanha, mas deverá reassumir antes de tomar posse no governo.

Fonte: Jornal do Commercio