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A fatura a pagar dos envolvidos no Petrolão

12 de dezembro de 2014

O Ministério Público fez ontem cinco denúncias contra 36 pessoas envolvidas na Operação Lava-Jato, entre elas 23 executivos e funcionários de seis empreiteiras, por organização criminosa, lavagem de dinheiro e corrupção. De acordo com os procuradores, o esquema de subornos na Petrobras era ainda maior que o imaginado inicialmente, pois as propinas chegavam a 5% dos contratos do cartel. As ações pedem pagamento de cerca de R$ 1,25 bilhão, sendo R$ 971 milhões de ressarcimento aos cofres públicos, e manutenção das prisões dos executivos, detidos desde 14 de novembro. Se condenados, eles podem pegar penas de mais de 50 anos de cadeia. As denúncias serão analisadas pelo juiz da 13ª Vara Federal, Sérgio Moro, e os acusados poderão se defender. As próximas investigações vão mirar em novas empresas, diretores da Petrobras e políticos.

“Estamos numa guerra contra a corrupção”, afirmou o coordenador da força-tarefa da Lava-Jato, Deltan Dallagnol, em entrevista coletiva em Curitiba (PR). Ao lado dele, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, garantiu o seguimento das apurações, que ainda envolverão políticos. “Essas pessoas roubaram o orgulho dos brasileiros. De forma equilibrada e responsável, mas muito firme, essa investigação chegará ao final.”

Empreiteiras
Os executivos são ligados às empreiteiras Camargo Corrêa, UTC, Engevix, Mendes Júnior, OAS e Galvão Engenharia. As pessoas jurídicas foram poupadas nesta primeira denúncia. Também foram denunciados o doleiro Alberto Youssef e o ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa. As empreiteiras acusadas têm negado a participação nos crimes ou, no máximo, admitido os pagamentos sob forma de extorsão. 

Segundo as denúncias, um cartel de empreiteiras atuava na Petrobras combinando licitações entre si entre 2004 e 2012. Houve pagamentos de propina até este ano, quando foi deflagrada a operação. As empresas ganhavam os contratos, que eram superfaturados. Com essa sobra, pagavam propinas a funcionários da Petrobras e ou operadores, que levavam o dinheiro aos “beneficiários finais”, políticos e partidos. 
Para o dinheiro chegar a seus destinos, eram usadas três ferramentas: pagamentos em dinheiro vivo, depósitos no exterior e, prinicipalmente, simulação de contratos de prestação de serviços com as construtoras. As empreiteiras pagavam a quatro firmas controladas por Youssef, algumas de fachada: MO Consultoria, Empreiteira Rigidez, RCI Software e GFD Investimentos. As empreiteiras forjaram documentos para justificar os pagamentos, o que, para Dallagnol, reforça a necessidade de prisão dos executivos.

O procurador-geral, Rodrigo Janot, também está de posse das delações de Youssef e Paulo Roberto com denúncias contra políticos. Ontem, ele se reuniu com a força-tarefa, que ouviu os delatores. Janot deve abrir inquéritos contra deputados e senadores no Supremo Tribunal Federal.

Saiba mais
35 pessoas foram denunciadas
22 são ligadas às empreiteiras Camargo Corrêa, Engevix, Galvão Engenharia, Mendes Júnior, OAS e UTC Engenharia
R$ 1 bilhão é o valor que MPF pretende reaver
Esse valor representa 3% dos valores de contratos firmados entre as empresas e a Petrobras por meio do esquema de fraude em licitações. 

As descobertas da investigação

R$ 300 milhões em pagamento de propina

R$ 75 milhões em contratos falsos

R$ 1 bilhão em autos de infração tributária

154 atos de corrupção identificados

105 atos de lavagem de dinheiro descobertos
 

Quem é quem
Confira os nomes dos acusados pelo Ministério Público

Os denunciados

Alberto Youssef, doleiro e dono da GFD Investimentos

Paulo Roberto Costa, ex-diretor de Abastecimento da Petrobras

Adarico Negromonte Filho, irmão do ex-ministro das Cidades Mário Negromonte

Antônio Carlos Fioravante Brasil Pieruccini, advogado com relações com Youssef

Mário Lúcio de Oliveira, diretor de agência com relações com Youssef

Jayme Alves de Oliveira Filho, o “Careca”, agente da PF

Waldomiro de Oliveira, sócio da MO Consultoria

Carlos Alberto Pereira da Costa, advogado e funcionário de Youssef

João Procópio Junqueira, laranja em contas de Youssef

Enivaldo Quadrado, ex-sócio da corretora Bônus Banval, investigado no mensalão

Ricardo Ribeiro Pessoa, executivo da UTC e coordenador do cartel

João de Teive e Argollo, diretor da UTC

João Ricardo Auler, executivo da Camargo Corrêa

Eduardo Hermelino Leite, o “Leitoso”, executivo da Camargo Corrêa

Márcio Andrade Bonilho, sócio da Sanko Sider

José “Léo” Aldemário Pinheiro Filho, presidente da OAS

Agenor Franklin Magalhães Medeiros, diretor da OAS

Mateus Coutinho de Sá Oliveira, funcionário da OAS

José Ricardo Nogueira Breghirolli, contato de Youssef na OAS

Fernando Augusto Stremel Andrade, funcionário da OAS

João Alberto Lazzari, representante da OAS

Gérson de Mello Almada, executivo da Engevix

Carlos Eduardo Strauch Albero, diretor-técnico da Engevix

Newton Prado Júnior, diretor da Engevix

Luiz Roberto Pereira, diretor da Engevix

Erton Medeiros Fonseca, diretor da Galvão Engenharia

Jean Alberto Luscher Castro, presidente da Galvão Engenharia

Dario de Queiroz Galvão Filho, ligado à Galvão Engenharia

Eduardo de Queiroz Galvão, ligado à Galvão Engenharia

Sérgio Cunha Mendes, executivo da Mendes Júnior

Rogério Cunha de Oliveira, diretor da Mendes Júnior

Ângelo Alves Mendes, executivo da Mendes Júnior

José Humberto Cruvinel Resende, da Mendes Júnior

As penas mínimas e máximas

Organização criminosa
4 anos e 4 meses a até 13 anos e 4 meses

Corrupção
2 anos e 8 meses a 21 anos e 8 meses

Lavagem de dinheiro
4 anos a 16 anos e 8 meses

Fonte: Diario de Pernambuco

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